O Papa Francisco canoniza, no próximo domingo, dois italianos que morreram no século XX. O farmacêutico e enfermeiro salesiano Artemide Zatti e Giovanni Battista Saclabrini, bispo e fundador de uma Congregação missionária.
Artemide Zatti, nasceu em 1880 e, quando era criança, a sua família emigrou para a Argentina. Aos 19 anos, entrou para os Salesianos mas viu-se obrigado a deixar os estudos por ter apanhado tuberculose. Quando recuperou, consagrou-se a Nossa Senhora e dedicou a vida a cuidar dos doentes. Em 1908, professou como Irmão nos Salesianos e trabalhou mais de 40 anos, como farmacêutico e enfermeiro, num hospital da sua congregação. Morreu aos 71 anos. O milagre que permitiu a sua canonização deve-se à cura cientificamente inexplicável de um homem filipino que sofreu uma trombose e uma hemorragia cerebral volumosa.
O outro italiano, Giovanni Battista Scalabini, nasceu em 1839, e foi bispo de Piacenza com apenas 36 anos. Beatificado por João Paulo II em 1997, Scalabrini foi um pastor atento à realidade das paróquias da sua diocese, descobrindo que mais de 10% da população se viu forçada a emigrar.
Números revelados pela própria Santa Sé referem que, entre 1875 e 1915, cerca de nove milhões de italianos emigraram para o Brasil, Argentina e Estados Unidos. E foi neste contexto que Scalabrini fundou os Missionários de São Carlos Borromeo, também conhecidos por Scalabrianos, com o objectivo de acompanhar e cuidar dos emigrantes. O bispo fundador desta congregação viria a falecer em 1905.
Uma nota do Dicastério para as Causas dos Santos refere que, excepcionalmente e a pedido de vários episcopados no mundo, o Papa Francisco dispensou o milagre habitualmente exigido para avançar com a canonização. O texto refere ainda que, “considerando o actual contexto mundial, o trabalho e a dedicação do bem-aventurado Scalabrini aos migrantes”, os scalabrinianos propuseram ao Papa que o seu fundador, além de canonizado, deveria ser proclamado “padroeiro e protetor especial dos migrantes e refugiados”.