Madeira. Miguel Albuquerque defende fim da coligação PSD/CDS
07-12-2015 - 11:07
 • Ricardo Conceição

Em entrevista à Renascença, o presidente do Governo Regional da Madeira considera haver risco de os dois partidos se fundirem. Quanto à liderança social-democrata, afirma que “neste momento não há alternativa a Passos Coelho”.

Agora que estão na oposição, PSD e CDS devem separar os seus caminhos. Em Lisboa ainda ninguém admitiu de viva voz a dissolução da coligação, mas para Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira, esta união não deve manter-se na oposição durante muito tempo, uma vez que há o risco de os partidos “se fundirem”.

Para o líder dos social-democratas madeirenses, cada partido tem a sua identidade e isso ficou bem patente nas intervenções de Paulo Portas e Passos Coelho no debate de apresentação do Programa do XXI Governo Constitucional.

“Penso que cada partido tende a seguir o seu caminho”, defende em entrevista à Renascença, tornando-se assim no primeiro dirigente nacional do PSD a defender que os dois partidos sigam separados.

Quanto à possibilidade do PSD vir a ser chamado a “dar a mão ao PS”, o homem que substituiu Alberto João Jardim é taxativo ao dizer que “os Governos devem estar sempre sob pressão” e o PSD e o CDS devem assumir os seus lugares na oposição.

Já sobre a liderança do PSD – que será decidida em Março – Miguel Albuquerque diz que “neste momento não há alterativa a Passos Coelho”, mas, se os silêncios podem ser encarados como sinais em política, o líder do PSD-Madeira acaba por mostrar dúvidas sobre a continuidade de Passos Coelho na liderança dos social-democratas.

Questionado sobre se o ex-primeiro-ministro é o “homem certo” para a liderança do partido, o presidente do Governo Regional madeirense desvia-se e conclui dizendo apenas que é “um político com credibilidade perante a opinião pública”, característica que considera essencial na actividade política.

Miguel Albuquerque mede bem as palavras e não se alonga na matéria da liderança, que ele próprio poderá um dia vir a disputar. Para já, “um passo de cada vez”. Hoje, o PSD-Madeira “é um partido muito mais dinâmico e muito mais democrático”, sustenta.

O presidente do Governo Regional acrescenta que cumpriu os dois grandes objectivos a que se tinha proposto: “vencer as eleições regionais com maioria absoluta e, depois, vencer as eleições nacionais aqui, onde ganhámos em 10 dos 11 concelhos e em 50 das 54 freguesias”. Sorrindo, diz que, para já, vai cumprir os seus objectivos na Madeira.

Apoio a Marcelo

Sobre as próximas eleições, as presidenciais, Miguel Albuquerque apoia a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa. Di-lo sem hesitações nesta entrevista à Renascença, em que assume ainda que “não devemos ter medo de eleições.”

Para o presidente do Governo Regional da Madeira, o executivo de António Costa tem um futuro muito difícil pela frente. A dívida externa é “de 225 mil milhões de euros. Isto significa para cada português deve 21.700 euros”, lembra.

O social-democrata madeirense afirma ainda que a “máquina de financiamento do Estado e da economia portuguesa” é o Banco Central Europeu. “Qualquer sinal de disfuncionalidade em relação aos compromissos pode fazer tremer a nossa economia. Se a situação não correr bem, a forma de clarificar as coisas é eleições. Não devemos ter medo de eleições”, remata.

O líder do Governo Regional Madeirense tem encontro agendado com o primeiro-ministro, António Costa, para meados de Janeiro. Promete desde já uma boa relação institucional entre Funchal e Lisboa.

A Renascença vai estar em directo do Funchal entre 7 e 11 de Dezembro, para mostrar as potencialidades das ilhas da Madeira. Pretende-se um novo olhar sobre o arquipélago com animação, noticiários em directo do Funchal e reportagens para compreender o presente e o futuro da Madeira, bem como entrevistas com os principais actores económicos, sociais e políticos.