Seis homens foram detidos esta quinta-feira no âmbito da Operação Zeus, que investiga crimes de corrupção activa e passiva para acto ilícito e falsificação de documentos no fornecimento de bens alimentares à Força Aérea.
Em comunicado, a PJ refere que o esquema fraudulento poderá ter lesado o Estado em cerca de 10 milhões de euros.
Os militares detidos são um major, dois capitães e três sargentos, que deverão ser ouvidos na sexta-feira no Tribunal de Instrução Criminal, em Lisboa.
A alegada actividade criminosa consistia na facturação de géneros alimentícios fornecidos à Força Aérea por um valor muito superior ao dos bens efectivamente fornecidos. A diferença era depois distribuída entre as empresas fornecedoras e os militares envolvidos neste esquema.
No decurso das 180 buscas, efectuadas em simultâneo em 12 bases militares, em 15 empresas e em diversos domicílios, foram apreendidas elevadas quantias em dinheiro, que os investigadores presumem ser o produto da prática dos crimes. As buscas aconteceram sobretudo nas zonas da Grande Lisboa, Beja e Leiria.
De acordo com a PJ, foram ainda apreendidos outros elementos de "grande relevância investigatória".
Na operação, desencadeada depois de um ano e meio de uma complexa investigação da PJ, com a colaboração da PJ Militar, participaram cerca de 330 investigadores e peritos da Polícia Judiciária, de diversas unidades orgânicas, acompanhados por cerca de 40 elementos da Polícia Judiciária Militar, bem como de 27 magistrados do Ministério Público.
A Polícia Judiciária revela que, desde o início da investigação, teve a colaboração, ao mais alto nível, da Força Aérea.
Denúncia anónima
As suspeitas de corrupção na Força Aérea remontam a, pelo menos, 2015.
Uma denúncia anónima na Polícia Judiciária Militar deu origem à Operação Zeus.
No total, estão no terreno 397 pessoas: 27 magistrados do Ministério Público, cerca de três centenas de elementos da Polícia Judiciária (PJ), cerca de 40 elementos da Polícia Judiciária Militar e 30 peritos da Unidade de Perícia Financeira e Contabilística e da Unidade de Tecnologia e Informação da PJ.
O inquérito, que se encontra em segredo de justiça, está a ser dirigido pelo Ministério Público e em investigação no Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa. Nesta investigação, o Ministério Público é coadjuvado pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da PJ e pela Polícia Judiciária Militar.