Nem a seca que se vive no Alentejo impediu os agricultores da região de se solidarizarem com quem perdeu tudo, ou quase tudo, nos incêndios do dia 15 de Outubro, no Centro do país.
A ACOS – Associação de Agricultores do Sul, à semelhança do que já tinha feito em Julho, decidiu proceder à entrega de alimentação para os animais, ajudando os produtores. O apelo foi lançado aos associados e a resposta não se fez esperar.
“Estamos a enviar alimentação animal, feno, palha, cereais, rações para a zona de Oliveira do Hospital, coordenando esta nossa acção com a associação congénere de ovinos da Serra da Estrela (ANCOSE), e com a garantia de que tudo chega ao destino certo e de forma rápida”, explica à Renascença Claudino Matos.
Segundo o director-geral da ACOS, a dimensão da catástrofe tem contornos diferentes da que ocorreu em Pedrogão Grande, tendo em linha de conta a importância da pecuária na região.
“Temos relatos de desespero, de criadores que perderam todos os efectivos”, refere, o que “é muito grave por tratar-se de uma pecuária de subsistência”.
O responsável adianta que, pelo menos, “três mil ovelhas pereceram
nos incêndios”, sendo que se trata de “uma raça autóctone que produz o queijo da Serra, o queijo de ovelha mais emblemático em Portugal”.
Claudino Matos explica ainda que foi feita uma parceria com a delegação de Beja da Cruz Vermelha, tendo “já seguido dois camiões com palha”.
A ajuda não fica por aqui e até ao final da semana espera que sigam para a zona afectada mais “um ou dois camiões com rações e palha”, dependendo da logística, uma vez que é preciso concertar esta acção com a disponibilidade de quem se voluntaria, nesta altura também a braços com as sementeiras.
À Renascença, o director-geral da ACOS mostra-se sensibilizado e agradecido com a resposta dos associados, tanto mais que na região alentejana a seca é muito grave.
“Há situações em que não há água para os animais, tenho conhecimento de produtores que já estão a comprar palha a valores fora do normal para esta época, há outros que já estão a fazer a importação de palha desde Espanha”, relata o responsável, preocupado com o aumento dos custos de produção e com “as dificuldades de sustentabilidade desta actividade”, nesta altura do ano.