“Pessoalmente, estou mais tranquilo hoje do que estava há um ano”, afirmou esta quarta-feira Boaventura Sousa Santos.
O diretor emérito do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra reage ao relatório da comissão independente, que confirma padrões de abuso de poder e assédio na instituição.
Em comunicado, o antigo responsável do CES argumenta que a investigação interna não tem “acusações diretas” contra si.
Nunca esperei uma absolvição das suspeitas que sobre mim pairaram porque, efetivamente, nunca fui confrontado com acusações concretas de abuso de poder ou de assédio - como, aliás, o próprio documento agora atesta”, refere Boaventura Sousa Santos.
O sociólogo espera que o relatório trouxesse um esclarecimento e colocasse “fim ao clima de suspeição, coisa que não aconteceu”.
Por isso, refere que, como fundador do CES, está hoje “mais preocupado”.
A Comissão Independente fez, em meses, uma radiografia de 48 anos de atividade da Instituição, baseada em 32 denúncias. O relatório centrou-se em questões de abuso de poder, nas quais não me
revejo, até porque fui, em grande medida, responsável pela descentralização de poder”, sublinha.
Boaventura Sousa Santos destaca, ainda, a parte do relatório que refere que”, apesar de os homens se terem mantido mais tempo nos órgãos de gestão, a maior parte daqueles cargos foi ocupada por mulheres. Essa realidade pode explicar que dos 14 denunciados, 9 sejam mulheres”.
O fundador do Centro de Estudos Sociais garante que não teve conhecimento dessas situações e espera que a direção “dê seguimento a qualquer indício de infração”, seja na esfera judicial ou disciplinar.
O atual presidente do CES, Tiago Santos Pereira, anunciou esta quarta-feira, em conferência de imprensa, que vai enviar o relatório para o Ministério Público.
A comissão independente criada para averiguar denúncias no CES confirma a existência de padrões de conduta de abuso de poder e assédio, por parte de pessoas em posições hierarquicamente superiores.