O ex-Presidente dos EUA, Donald J. Trump, vai prestar depoimentos sob juramento no gabinete da procuradoria geral de Nova Iorque esta quarta-feira, num passo importante na já longa investigação civil às suas práticas empresariais e às suspeitas de fraude e corrupção.
A audiência à porta fechada poderá marcar uma reviravolta no processo; depois de meses a lutar para evitar ser questionado pelas autoridades judiciais, o que o ex-chefe de Estado disser poderá alterar o resultado da investigação aos seus negócios e à Organização Trump.
Donald Trump será ouvido dias depois de o FBI ter feito buscas no campo de golfe do empresário em New Jersey, no âmbito de uma investigação a material sensível que o ex-Presidente terá retirado da Casa Branca após perder as eleições para Joe Biden em 2020.
Trump continua a declarar-se inocente de todas as acusações, acusando as autoridades de um "ataque" que "só deveria ter lugar em países desfeitos de terceiro mundo" e exigindo que a atual procuradora de Nova Iorque, Letitia James, seja investigada pelo que diz ser uma "caça às bruxas" contra a sua pessoa.
"Em Nova Iorque esta noite", escreveu ontem na sua conta da rede social Truth Social, que criou depois de ter sido expulso do Twitter.
"Amanhã vou ver a procuradora-geral racista de Nova Iorque, na continuação da maior caça às bruxas da história dos EUA! Os que me acompanham e eu próprio estamos a ser atacados de todos os lados. Uma república das bananas!"
A investigação da procuradoria de Nova Iorque arrancou em março de 2019, com os advogados da equipa de Letitia James debruçados sobre se a Organização Trump inflacionou o valor dos seus hotéis, clubes de golfe e outros bens de forma ilegal.
No início deste ano, James indicou num documento entregue em tribunal que há fortes indícios de práticas empresariais "fraudulentas e enganadoras" por parte do ex-Presidente e da sua empresa, embora sublinhasse que o seu gabinete precisa de questionar Trump e dois dos seus filhos adultos para determinar quem foi o responsável por esta conduta.
O depoimento de Trump, dias depois de a procuradoria ter ouvido Ivanka e Donald Trump Jr., marca o início da reta final da investigação -- uma que, por ser civil, permite que Trump seja formalmente processado mas não criminalmente indiciado.
Apesar disto, o espectro de acusações criminais pende sobre este depoimento, indica o "New York Times", porque o gabinete do procurador distrital de Manhattan tem estado a conduzir uma investigação criminal paralela para apurar se Trump inflacionou de forma fraudulenta as avaliações de propriedades suas.