“Ver cada irmão e irmã na fé como parte do mesmo corpo a que eu pertenço, este é o caminho que Ele nos indica!”, disse o Papa este domingo, na missa de Pentecostes, celebrada solenemente na Basílica de São Pedro.
A diversidade de línguas e culturas na Igreja, unida pelo Espírito Santo “não cria uma língua igual para todos, não apaga as diferenças, as culturas, mas harmoniza tudo sem homogeneizar nem uniformizar”. Neste contexto,
“O Sínodo em curso é – e deve ser – um caminho segundo o Espírito: não um Parlamento para reclamar direitos e exigências à maneira das agendas do mundo, nem ocasião para se deixar levar ao sabor do vento”, disse Francisco a propósito do caminho sinodal em curso e que reunirá em Outubro bispos de todo o mundo para um assembleia sobre o assunto.
O Papa afirmou que este caminho “é uma oportunidade para ser dóceis ao sopro do Espírito, porque no mar da história, a Igreja só navega com Ele, que é «a alma da Igreja», o coração da sinodalidade, o motor da evangelização”. E acrescentou que sem o Espírito Santo, “a Igreja fica inerte; a fé não passa duma doutrina, a moral de um dever, a pastoral de um trabalho. E há tantos pensadores e teólogos com doutrinas frias, quase matemáticas… Mas com Ele, pelo contrário, a fé é vida, o amor do Senhor conquista-nos e a esperança renasce”.
Graves contrastes contra a harmonia de Deus
“Deus é em Si mesmo harmonia mas hoje, no mundo, há tanta discórdia, tanta divisão”, lamentou o Papa. “Estamos conectados e, contudo, vivemos desligados uns dos outros, anestesiados pela indiferença e oprimidos pela solidão. Tantas guerras, tantos conflitos! Parece incrível o mal que o homem pode fazer…"
Francisco denunciou aquele que alimenta as nossas hostilidades e divisões, “o diabo, o espírito maligno, «o sedutor de toda a humanidade» (Ap 12, 9), sempre a sugerir e exacerbar o nosso mal, a nossa desagregação e a exultar com os antagonismos, as injustiças, as calúnias…” O Papa sublinhou que é o Espírito Santo, “que Se opõe ao espírito divisor, porque é harmonia, Espírito de unidade que traz a paz” e pediu: “Invoquemo-Lo todos os dias sobre o nosso mundo! Se queremos harmonia, procuremo-Lo a Ele, não sucedâneos mundanos”.
E o mesmo vale para a vida pessoal de cada um. “Se o mundo está dividido, se a Igreja se polariza, se o coração se fragmenta, não percamos tempo a criticar os outros e a zangar-nos com nós mesmos, mas invoquemos o Espírito”, pediu Francisco.
“Onde há medo há fechamento”
Minutos depois, dirigindo-se aos fiéis reunidos na Praça de São Pedro para a oração do Regina Coeli, o Papa insistiu que é preciso confiar no Espírito Santo e não ter medo do Seu amor.
“O medo bloqueia, paralisa e isola: pensemos no medo do outro, de quem é estrangeiro, de quem é diferente, de quem pensa de outra forma. E pode até ser medo de Deus”, afirmou.
“Se damos espaço a esses falsos medos, as portas fecham-se: as do coração, da sociedade e até mesmo as portas da Igreja! Onde há medo, há fechamento. E isso não é bom”, concluiu Francisco, assegurado que “a proximidade de Deus e, assim, o seu amor afasta o medo, ilumina o caminho, consola, sustenta na adversidade”.
Por fim, o Papa solidarizou-se com as populações que vivem na fronteira do Myanmar com o Bangladesh, “atingidas por um forte ciclone e que afetou mais de 800 mil pessoas, além dos Rohingya que já vivem em condições precárias”.
Francisco renovou a sua proximidade a estas populações, pediu aos responsáveis que favoreçam o acesso das ajudas humanitárias e apelou “ao sentido de solidariedade humana e celestial para socorrer estes nossos irmãos e irmãs”.
[atualizado às 11h40]