O eurodeputado social-democrata Paulo Rangel afirma que o “tom ameaçador” do primeiro-ministro sobre o caso do procurador europeu José Guerra “não apaga falsidades”.
Paulo Rangel responde, em comunicado, às declarações de António Costa, que esta quinta-feira o acusou de levar a cabo uma campanha contra Portugal, em conjunto com os colegas de partido Miguel Poiares Maduro e Ricardo Batista Leite.
O eurodeputado, que também é comentador no programa Casa Comum da Renascença, lamenta que o primeiro-ministro “confunda o exercício legítimo de escrutínio da ação do Governo com uma campanha para denegrir a imagem externa do país.
“Este tom ameaçador não distrai atenções, não apaga falsidades e, mais importante, não intimida”, avisa.
Paulo Rangel garante que vai manter “o exercício democrático de oposição e fiscalização do Governo” e lutará “sempre e em todas as instâncias pela verdade e dignidade do Estado português”.
“Porei sempre os interesses de Portugal – incluindo na presidência portuguesa – na linha da frente da atividade política e cívica”, sublinha.
Quando à polémica em torno da nomeação do procurador europeu, Paulo Rangel acusa o Governo liderado por António Costa de “faltar à verdade e induzir em erro”.
“Quanto à substância já tudo foi dito e explicado. Querer gerar confusão, criando a ilusão de que é nacional uma competência que é expressamente europeia, visa apenas esconder que o Governo português mentiu objetivamente ao Conselho da União Europeia.”
Rangel argumenta que o regulamento que institui a Procuradoria Europeia refere que cabe ao Conselho da UE nomear o procurador e que o comité de seleção é independente. O eurodeputado partilha o regulamento (veja em PDF).
Em declarações à Renascença, Miguel Poiares Maduro, outro dos visados pelo primeiro-ministro, lamenta as palavras de António Costa, que apelida de "profundamente antidemocráticas".
O primeiro-ministro acusou esta quinta-feira os sociais-democratas Paulo Rangel, Miguel Poiares Maduro e Ricardo Batista Leite de estarem envolvidos numa campanha para denegrir a imagem externa do país durante a presidência portuguesa do Conselho da União Europeia.
António Costa fez esta acusação em conferência de imprensa, no final do Conselho de Ministros, depois de questionado sobre a polémica em torno da escolha do procurador europeu José Guerra e sobre a situação da ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, neste processo.
De acordo com o primeiro-ministro, o eurodeputado do PSD Paulo Rangel, o antigo ministro Miguel Poiares Maduro e, "numa outra frente, essa sanitária", o deputado social-democrata Ricardo Batista Leite "lideram uma campanha internacional contra Portugal".
António Costa voltou a defender a ministra da Justiça e salientou que Francisca Van Dunem "agiu corretamente" em todo o processo.