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Cerca de metade dos doentes com covid-19 internados no Hospital Santa Maria têm menos de 50 anos, segundo o Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte, que já aumentou para 42 as camas de enfermaria e para 14 as de cuidados intensivos.
O número de camas de enfermaria destinadas a doentes com covid-19 aumentou de 21 para 42 e as camas de cuidados intensivos de 8 para 14, "no âmbito do processo de antecipação das necessidades assistenciais e planificação da resposta institucional", refere o centro hospitalar numa resposta enviada à agência Lusa.
O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Norte (CHULN) tem registado um "aumento paulatino" do número de doentes internados com covid-19, sendo a média etária de 50,2 anos.
Há um mês estavam 14 doentes internados, nove deles em UCI, e na terça-feira eram 34, nove dos quais em cuidados intensivos, números muitos distantes dos registados em fevereiro, no pico da pandemia, quando o CHULN tinha mais de 300 doentes internados, sendo a média etária de 68,7 anos, com 77% dos doentes com mais de 60 anos e 13% com menos 50 anos.
"Desde a última semana de maio que tem vindo a crescer o número de doentes em Santa Maria infetados pelo SARS-CoV-2, sendo o maior número de casos entre os 30 e os 50 anos", mas já houve situações de jovens "na casa dos 20 anos" e também "mais velhos", disse à Lusa o diretor do Serviço de Medicina II, António Pais Lacerda.
Segundo o médico, alguns doentes na casa dos 60 anos têm a primeira dose da vacina contra a covid-19.
"A dose total das vacinas é que protege de ter uma doença grave e a doença grave é aquela que pode ser mortal, aquela que leva aos cuidados intensivos, e na realidade não é o que tem acontecido", salientou.
Até agora, houve apenas um caso de um doente com as duas doses de vacinas. Era uma pessoa com idade avançada, que estava infetada com o SARS-CoV-2, mas a razão do seu internamento foi uma pneumonia bacteriana.
O doente foi tratado e teve alta hospitalar, disse o médico, afirmando que, provavelmente, se não estivesse vacinado teria de ir para cuidados intensivos e poderia até acabar por morrer.
"Portanto, na realidade a vacina dá boa proteção", salientou Pais Lacerda, responsável pelo Serviço de Medicina II, onde começaram a ser internados os primeiros doentes com covid-19 no Santa Maria.
"Foi o primeiro setor só para doentes covid e depois foram aumentando, aumentando, os setores à medida que vinham mais doentes", recordou. Com o abrandar da pandemia, tudo foi voltando a "uma certa normalidade", reduzindo-se o número de camas destinadas à covid-19, porque passaram a ser necessárias mais camas para doentes com outras patologias, ficando só um setor com 21 camas para os infetados com SARS-CoV-2.
"Mesmo nesse setor o número de camas foi reduzindo até meio de maio, altura em que chegámos a ter um único doente infetado, mas rapidamente na segunda metade de maio e agora princípio de junho o número de camas foi sendo ocupado progressivamente", adiantou.
Neste momento, há pelo menos 42 camas disponíveis para receber os doentes covid-19, mas ainda não estão completamente ocupadas.
"Mas isso traz um outro problema que é diminuir o número de camas para outros doentes, que "continuam a afluir ao serviço de urgência e, às vezes, há alguma dificuldade em arranjar camas disponíveis" para os internar, lamentou António Pais Lacerda.
Portugal registou nas últimas 24 horas mais 1.350 casos confirmados de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2, o número diário mais alto desde fevereiro, e mais seis pessoas morreram com covid-19, segundo a Direção-Geral da Saúde.
O número de pessoas internadas subiu para 351, mais cinco do que na terça-feira, das quais 83 em cuidados intensivos.
Desde o início da pandemia, em março de 2020, morreram em Portugal 17.055 pessoas com covid-19 e foram registados 860.395 casos de infeção.