Levar o Sínodo às prisões é o grande desafio que o encontro nacional da pastoral penitenciária lançou para o futuro próximo. Ao longo de dois dias, mais de seis dezenas de agentes da pastoral penitenciária praticaram a escuta e o diálogo entre si, num encontro que decorreu nesta sexta-feira e sábado em Fátima.
Em declarações à Renascença, o coordenador nacional da pastoral penitenciária disse que, muitas vezes, "as contingências culturais e o exercício do quotidiano fazem-nos presumir conhecer aquilo de que os outros precisam."
E isso, refere o padre José Luís Gonçalves da Costa, conduz a "um paternalismo que não é consciente nem é assumido, mas que retira espaço para que o outro se expresse". Ou seja, "deixamos de escutar Deus que fala pela boca, pela vida do pobre e do recluso", lamenta o sacerdote.
Considerando que "é fácil presumir", acrescenta que "a dada altura deixamos que seja o nosso 'eu' a determinar o que deve ser feito e como deve ser feito."
Com este encontro da pastoral penitenciária, o sacerdote pensa que haverá uma mudança de atitude por parte dos agentes católicos nas prisões.
No encontro também se constatou que "existem membros de outras religiões e confissões cristãs (muçulmanos, hindus, evangélicos), nas prisões, mas não há relação nem trabalho em rede". Reconhecendo a riqueza das diversas religiões na prisão, o grupo propôs criar um evento comum que congregue todas as confissões religiosas.
O encontro concluiu ainda que é importante conseguir a participação ativa dos reclusos nas celebrações, envolvendo o corpo prisional e a comunidade, tendo sido proposta a criação do Dia do Recluso para dar visibilidade a quem está atrás das grades.