Decorre, em Lisboa, o 5.º Congresso dos Jornalistas, numa altura em que a profissão está gravemente ameaçada. A possibilidade de títulos como o Jornal de Notícias, o Diário de Notícias ou a TSF, entre outros, serem afetados por despedimentos coletivos mostra que o setor se encontra numa crise como talvez nunca antes tivesse sofrido.
Em Portugal urge encontrar fórmulas aceitáveis para apoiar meios de comunicação social indispensáveis a uma vida democrática normal, sem que se possam levantar suspeitas de ataque à não menos necessária independência do jornalismo. Aliás, o problema é comum a todas as democracias.
No fundo, trata-se de criar condições para que o jornalismo não seja uma profissão condenada, porque ela é de importância vital para a democracia.
Pelo que já se conhece das dificuldades que atravessa o Grupo Media Global, parece claro que a legislação portuguesa deverá ser muito mais exigente quanto ao conhecimento público dos donos das empresas de média e das suas capacidades como gestores deste tipo específico de empresas, que não são iguais às outras.
Por outro lado, este Congresso de Jornalistas acontece quando se inicia a celebração dos 50 anos do 25 de Abril. Antes dessa data havia jornalismo em Portugal, só que debaixo de práticas democraticamente inaceitáveis, como a censura prévia.
Seria bom que deste 5.º Congresso de Jornalistas saíssem mensagens lembrando a importância de se produzir informação em liberdade. Até porque produzir bom jornalismo evidencia o que se perdeu em quase de meio século de censura prévia. Importa ter uma ideia do que isso representou para impedir a informação dos cidadãos.
Entre nós ouvem-se, por vezes, vozes saudosistas da ditadura, que podem encontrar eco em milhões de portugueses que, pela sua idade, não conheceram o que era fazer jornalismo nesse regime. Também cabe aos jornalistas manter viva essa memória, para que ela não volte a ser realidade.