O novo primeiro-ministro do Reino Unido foi indigitado esta terça-feira pelo rei Carlos III, no Palácio de Buckingham, um dia depois de ter sido nomeado para suceder a Liz Truss na liderança do Partido Conservador e do Governo britânico.
À porta do n.º 10 de Downing Street ao final da manhã, no seu primeiro discurso na qualidade de chefe do executivo, Rishi Sunak começou por prestar tributo à antecessora, dizendo que "não estava errada" em querer pôr o país no caminho certo, num momento em que o Reino Unido enfrenta "uma crise económica profunda" por causa da Covid-19 e da guerra na Ucrânia.
Contudo, explicou Sunak, "foram cometidos alguns erros, não intencionalmente, pelo contrário, e eu fui eleito líder do partido e vosso primeiro-ministro, em parte, para os corrigir. Esse trabalho começa imediatamente".
Prometendo "unir o país não com palavras mas com ações", Sunak reconheceu que "há trabalho a fazer" para "restaurar a confiança" do povo britânico no partido e no Governo, prometendo "integridade, profissionalismo e responsabilidade".
"A confiança conquista-se e eu vou conquistar a vossa", ressaltou, antes de agradecer a Boris Johnson, antecessor de Liz Truss, pelas suas "conquistas incríveis" enquanto primeiro-ministro.
O chefe do Governo prometeu também cumprir as promessas de trabalhar para fortalecer o SNS, as escolas, a defesa das fronteiras e as Forças Armadas.
"Profundos desafios económicos" em mãos
Sunak toma posse num momento de enormes desafios, enfrentando uma crise económica em crescendo, um partido político em guerra interna e um país profundamente dividido, num contexto de guerra na Europa e de enorme turbulência mundial.
O ex-ministro das Finanças, de 42 anos, com uma fortuna avaliada em 730 milhões de libras, torna-se o terceiro primeiro-ministro do Reino Unido em menos de dois meses, depois de crises internas e rixas em Westminster que horrorizaram investidores e alarmaram os aliados do Reino Unido.
O ex-gestor de 'hedge fund' precisará agora de fazer profundos cortes na despesa pública para tapar um buraco de 40 mil milhões de libras nas finanças britânicas, num momento em que a popularidade do seu partido aparenta estar em queda no país.
Na segunda-feira, após ter sido nomeado para suceder a Liz Truss enquanto líder dos conservadores -- e, por conseguinte, do Governo -- Sunak alertou os colegas conservadores que o partido enfrentará uma "crise existencial" se não ajudar a conduzir o país através do que descreveu como um "profundo desafio económico".
"Agora precisamos de estabilidade e unidade, e será minha maior prioridade unir o nosso partido e o nosso país", declarou.
Sunak, o primeiro-ministro britânico mais jovem do Reino Unido em mais de 200 anos e o seu primeiro líder não caucasiano, substituirá Liz Truss, que renunciou após 45 dias no cargo, na sequência do seu "mini-orçamento" que provocou turbulência nos mercados financeiros.
Com os custos dos juros da dívida a subir e as perspetivas para a economia a deteriorarem-se, Sunak e o seu gabinete -- que será anunciado nas próximas 24 horas -- terão de rever todos os gastos, inclusive em áreas politicamente sensíveis, como Saúde, Educação, Defesa e Pensões.
[atualizado às 12h]