O economista João Duque espera de um debate do estado da Nação: assente em duas visões diferentes: o primeiro-ministro a fazer o elogio da ação governativa e a oposição a pintar o país de uma maneira diferente.
“É um país que vai ser apresentado, por um lado, o copo meio cheio, por outro o copo meio vazio. Acho que o Governo se vai agarrar aos números do crescimento da economia e, portanto, por aí está bem, da execução orçamental que está a correr muito bem, porque pagamos mais impostos e, portanto, estamos todos muito mais contentes”, antecipa o comentador d’As Três da Manhã.
O Governo "vai justificar a aplicação da não distribuição desses impostos em mais benefícios ou até o abaixamento dos impostos, com a necessidade de se amortizar dívida”, acrescenta, na antevisão ao debate desta quinta-feira.
Já a oposição vai pintar o país de uma maneira diferente. Vai olhar “para o exercício do Governo, da administração pública, e vai mostrar, ou tentar mostrar, que nós estamos pior”, diz o economista.
Ainda em termos de oposição, João Duque acredita que esta vai centrar o debate nas dificuldades que as famílias estão a enfrentar e na degradação dos serviços público.
“As famílias estão a sentir mais o efeito da inflação e do aumento das taxas de juro, e, naturalmente, porque na distribuição do PIB o tal que cresce bem, a componente do rendimento do trabalho não é o mais beneficiado e é o que cresce menos, crescem mais os impostos e o excedente da produção”, sinaliza.
“Por outro lado, vai falar dos serviços públicos e vai falar daquilo que tem sido quase que o desboroar de serviços que até não estariam muito bem, mas que ficam piores. E estou a falar, por exemplo, na saúde, com as demissões”, acrescenta, recordando que houve, “de novembro para cá, seis demissões de diretores de hospitais: Almada, Amadora, Beatriz Ângelo, São Francisco Xavier, Loures e Santa Maria”.
“Todos os meses parece que acontece mais uma coisa. Na educação temos as greves e o insucesso escolar a marcar o ponto e, portanto, as famílias olham e percebem que as coisas, aparentemente, não estão bem e dirigem-se para o Governo”, remata.