Há apetite de eleições em Espanha. As previsões apontam para uma afluência às urnas acima dos dados de 2019. A tendência é também antecipada pelos pedidos de votos por correio. Nem as férias ou as sucessivas ondas de calor diminuem o interesse dos cidadãos pelo futuro político do seu país.
Mas os votos estão a ser hoje depositados em urna no meio da mesma atmosfera de incerteza a subsistir, eleição após eleição, desde 2015, com o fim do ‘bipartidismo’. Os espanhóis votam sem saber qual será a fórmula final de governabilidade. De novo haverá somas para se obter os 176 assentos parlamentares, garantia de tomada de posse do primeiro-ministro.
A maioria das sondagens antecipa a vitória de Alberto Nuñez Feijóo, mas discrepam se o líder do PP vai conseguir a maioria com o VOX. Os socialistas não se dão por vencidos e asseguram registar-se um empate de intenções de voto entre dois blocos – PP e VOX, à direita, e PSOE e SUMAR, à esquerda. Se o PP e VOX não atingirem os 176 deputados, o mais previsível é não haver saída para a governabilidade, determinando a repetição de eleições. Pedro Sánchez continuaria na Moncloa e começaria outra corrida.
O país enfrenta um teste de grande magnitude política que vai graduar a rejeição a Sánchez e ao governo da coligação de esquerda, o primeiro da democracia espanhola. Também se avalia o receio ao VOX, da direita radical, com o seu discurso negacionista das alterações climáticas e contra a imigração. Igualmente se irá aferir o estado do movimento independentista na Catalunha e a luta entre nacionalistas dos dois espectros – PNV e EH Bildu – no País Basco. Depois das respostas aproximadas das sondagens, as dúvidas serão esclarecidas, logo mais, nas urnas.
A análise é de Nuno Botelho, líder da ACP – Câmara de Comércio e Indústria, Manuel Carvalho da Silva, sociólogo, professor da Universidade de Coimbra, Ramón Font, jornalista, ex-delegado da Generalitat em Portugal, e Manuel Pereira Ramos, correspondente RR em Madrid.