O advogado João Medeiros, assistente no processo ‘Football Leaks’, revelou esta quarta-feira, na terceira sessão do julgamento, que o Ministério Público (MP) utilizou um email no âmbito do processo EDP que foi roubado à sociedade PLMJ.
Segundo o advogado, que tem estado a ser ouvido pelo coletivo de juízes durante esta tarde no Tribunal Central Criminal de Lisboa, o dito email surgiu citado numa nota de rodapé de uma resposta do MP a uma contestação apresentada por João Medeiros no processo das rendas excessivas da EDP.
Em causa está uma comunicação entre João Medeiros - que representa o presidente da EDP, António Mexia, e o presidente da EDP Renováveis, João Manso Neto - e o também advogado Ricardo Sá Fernandes, representante de Manuel Pinho.
O processo das rendas excessivas da EDP está há cerca de oito anos a ser investigado pelo DCIAP.
De acordo com João Medeiros, o MP só poderia ter acesso a essa comunicação a partir da divulgação da sua caixa de correio eletrónica no blogue ‘Mercado de Benfica’, depois de o sistema informático da sua antiga sociedade de advogados ter sido alvo de intrusão no final de 2018, um crime que é imputado a Rui Pinto, criador da plataforma ‘Football Leaks’.
Rui Pinto, de 31 anos, responde por um total de 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a Federação Portuguesa de Futebol e a Procuradoria-Geral da República, e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.