O secretário-geral do Partido Comunista Português responsabiliza o Presidente da República "pela instabilidade que for criada". Jerónimo de Sousa reagiu esta sexta-feira de manhã à comunicação ao país feita por Cavaco Silva.
"PSD e CDS não têm condições para governar", garantiu Jerónimo de Sousa, numa conferência de imprensa no Parlamento.
O secretário-geral do partido acusou ainda Cavaco Silva de actuar "não como Presidente da República" mas como "representante de PSD e CDS-PP" em "assumido confronto" com a Constituição. As palavras do chefe de Estado ao indigitar Pedro Passos Coelho como primeiro-ministro resultaram, dizem os comunistas, numa "intolerável" atitude "de pressão e chantagem sobre os deputados e as opções que estes devem assumir".
Jerónimo de Sousa reafirmou a existência de condições para formar um governo de esquerda e o compromisso do PCP em "lutar por uma política que responda de facto a direitos dos trabalhadores e do povo" e promova o crescimento económico".
O Presidente da República, Cavaco Silva, anunciou quinta-feira que indigitou o líder do PSD, Pedro Passos Coelho, como primeiro-ministro, e
afirmou que apesar de um executivo PSD/CDS-PP poder não assegurar inteiramente
a estabilidade política necessária, um Governo apoiado pelo PS, PCP e BE seria
"claramente inconsistente" e teria consequências financeiras,
económicas e sociais "muito mais graves".
Para Jerónimo de Sousa, a indigitação de Passos Coelho levará a uma moção de rejeição no Parlamento ao futuro programa de governo abrindo-se espaço para a formação de um executivo do PS que apresente o seu programa e que seja também encontrada "a adopção de uma política que seja uma solução duradoura".
Questionado sobre as negociações com o PS para a viabilização de um executivo socialista, o secretário-geral do PCP diz que o "momento" não é de detalhar o papel dos comunistas numa futura alternativa de esquerda, escusando-se a entrar em mais detalhes sobre o rumo das conversas.