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A ministra da Saúde, Marta Temido, manifestou este sábado muita preocupação com a situação agravada com que alguns doentes não-Covid estão a chegar ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) e avançou que está a ser feito um levantamento de casos que devem ir para “hospitais limpos”.
“Não há só Covid no SNS e estamos a tentar responder a outras patologias”, disse Marta Temido na conferência de imprensa diária da Direção Geral de Saúde. A ministra respondia assim a preocupações que têm vindo a ser manifestadas por profissionais de saúde, como o presidente da Associação de Administradores Hospitalares, Alexandre Lourenço.
Segundo os números avançados por Marta Temido, o acesso ás urgências hospitalares do SNS diminuiu 30 por cento na primeira quinzena do mês e 60 por cento na terceira semana. “Muita da procura que não aconteceu pode corresponder a situações que encontraram resposta por vias alternativas”, como as consultas telefónicas ou os cuidados de saúde primários, explicou a ministra.
Contudo, Marta Temido também reconhece que, devido à perceção de risco, muitos doentes estão a adiar o recurso aos hospitais e “aqui há um risco que é de os doentes que chegam ao SNS chegarem já com a sua situação agravada”. “Estamos muitos preocupados com esse aspecto”, reconheceu a ministra.
Por isso, adiantou, está a ser feito um levantamento dos casos que estava previsto serem tratados e não estão a ser para que sejam encaminhados para “hospitais limpos” de Covid-19. E também podem ser encaminhados para hospitais em que seja “possível manter circuitos completamente estanques” para doentes Covid e não-Covid.
A ministra disse ainda que as autoridades de saúde vão trabalhar com os diferentes colégios de especialidades médicas para ter uma definição de “circunstâncias prementes” nas várias patologias, embora, saliente, cada caso seja sempre um caso que deve ser avaliado pelo médico que acompanha o doente.
Testes nacionais para as forças de segurança
Quanto aos centros de testes, respondendo a uma pergunta da Renascença, Marta Temido disse que não é necessário que abram em todos os sítios e que essa competência é dos agrupamentos de centros de saúde.
Este sábado, a Renascença deu conta do caso de Valongo, onde o autarca diz ter um centro de testes pronto a funcionar, mas que aguarda resposta da Administração Regional do Norte.
Na sexta-feira, o autarca de Gondomar já tinha denunciado à Renascença que a ARS Norte rejeitou erguer cercas sanitárias naquele concelho, bem como em Gaia, Maia e Valongo.
Sem se referir em concreto a Valongo, Marta Temido disse que, no que diz respeito a centros de testes, a preocupação tem sido que os agrupamentos de centros de saúde definam o que parece mais conveniente a nível local e regional. “Isso não quer dizer que tenham de abrir em todos os sítios”, afirmou a ministra, lembrando que esses centros precisam de zaragatoas e reagentes.
“Vai haver muitas oportunidades de colaborar com o SNS, que precisa muito da colaboração de todos. Mas não temos de o fazer só através de centros de testes ou de doação de ventiladores. Há muito espaço para todos e ficamos imensamente agradecidos”, acrescentou Marta Temido. Contudo, acrescentou: “Temos de fazê-lo com base naquilo que é a abordagem técnica e claro que estamos sempre disponíveis para acertar soluções com autoridades locais e regionais que intervêm nestas áreas.”
Ainda o que diz respeito a testes, a ministra adiantou que a capacidade já testada do Instituto de Medina Molecular (IMM) vai permitir aumentar o número de testes e sua fiabilidade, nomeadamente aplicando-os nomeadamente às forças de segurança. Segundo Marta Temido, os testes desenvolvidos pelo IMM estão a ser feitos através de um método “que confere maior fiabilidade nos casos mais precoces”.
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