A Universidade do Porto participou ao Ministério Público alegados atos de xenofobia e racismo por parte de alunos e professores nas faculdades de Engenharia e Letras, denunciados por um movimento de estudantes, confirmou este domingo à Lusa fonte desta academia.
“Por a discriminação xenófoba ser matéria de foro criminal participámos esses factos ao Ministério Público a 30 de outubro”, referiu essa mesma fonte.
Já a Procuradoria-Geral da República (PGR) adianta que “os factos em referência são objeto de investigação pelo Ministério Público do DIAP [Departamento de Investigação e Ação Penal] do Porto”.
A notícia da queixa ao Ministério Público foi avançada esta domingo pelo Jornal de Notícias.
Em outubro, a dirigente do movimento Quarentena Académica, Ana Isabel Silva, revelou ter recebido denúncias de estudantes estrangeiros, principalmente de nacionalidade brasileira, de "atos de xenofobia e de racismo" praticados por estudantes e professores, designadamente das faculdades de Engenharia e de Letras, sobretudo nas redes sociais.
Ana Isabel Silva acrescentou que, inicialmente, os próprios estudantes brasileiros denunciaram a situação junto da reitoria.
“Foi-lhes dito pela reitoria que a universidade não tolerava esses comportamentos”, mencionou Ana Isabel Silva, observando que estes atos se têm vindo a registar desde o início deste ano letivo, mas aumentaram com a pandemia, nas redes sociais.
Na altura, a universidade apelou “a todos os estudantes que denunciem e apresentem queixa dos atos que conhecerem para eventual abertura de processos disciplinares aos agressores”.
Já a 19 de outubro, na mensagem à comunidade académica, o reitor, António Sousa Pereira, disse não poder tolerar na comunidade académica “quaisquer atitudes de xenofobia, racismo, machismo, discriminação ou atitudes difamatórias e atentatórias do bom nome e da dignidade individual”.
“Apelamos a todos os docentes, estudantes e trabalhadores não docentes para que honrem o caráter superior da nossa instituição, seja no domínio académico e científico, seja nos planos ético, moral, social e da própria linguagem com que comunicamos”, afirmou, na ocasião.