O presidente da Associação Nacional de Sargentos (ANS), António Lima Coelho, considera que a “Operação Tempestade Perfeita”, desencadeada esta terça-feira, deve ser levada “até às últimas consequências”.
Em causa, adianta a PJ em comunicado, estão suspeitas de crimes de corrupção ativa e passiva, peculato, participação económica em negócio, abuso de poder e branqueamento de capitais.
Em declarações à Renascença, Lima Coelho diz-se mais “desgostoso”, do que surpreso.
“Mais do que surpreendido fiquei, mais uma vez, desgostoso, porque a Defesa Nacional deveria estar isenta deste tipo de situações”, afirma, lamentando que casos como este, continuem a acontecer nas Forças Armadas.
“Demasiados e há demasiados anos, o que deve fazer-nos refletir que tipo de situações pretendemos para uma área tão sensível como é a da Defesa Nacional”, refere.
Por outro lado, o presidente da ANS, considera “pouco correto”, o “aproveitamento politico/partidário” que se está a fazer da situação, tanto mais que os casos em causa “atravessam vários governos de vários partidos com responsabilidades”.
Para Lima Coelho, o que é fundamental “é que se vá ao fundo da questão, e que de uma vez por todas a Defesa Nacional possa ter nos seus destinos gente responsável, em que este tipo de situações, não aconteçam ou não tenham, sequer, possibilidade de acontecer”.
Por isso mesmo, defende, é necessário conduzir a investigação “até às últimas consequências”.
“A Defesa Nacional e os cidadãos que nela prestam serviço, não podem ficar todos debaixo deste tipo de capas, porque a Defesa Nacional é algo demasiado importante para a independência e para a soberania nacionais”, remata o presidente da ANS.
No decorrer da "Operação Tempestade Perfeita" foram realizadas 59 buscas, repartidas pelas zonas de Lisboa, Porto, Alter do Chão, Almada e Comporta, envolvendo 200 inspetores da Polícia Judiciária (PJ) acompanhados por um juiz e dois procuradores do Ministério Público.
O esquema sob investigação passava alegadamente por adjudicações efetuadas por um organismo público a várias empresas, lesando o Estado em "muitos milhares de euros".
Foram detidas cinco pessoas e outras 19 foram constituídas arguidas.
Em comunicado, o Ministério da Defesa Nacional reafirmou a sua total colaboração com as autoridades em tudo o que lhe for solicitado.
Questionado pela Renascença sobre a que ramos das Forças Armadas pertencem os detidos nesta operação e que cargos ocupavam, o Gabinete do Chefe de Estado Maior das Forças Armadas remeteu esclarecimentos para o Ministério da Defesa Nacional.