O primeiro-ministro salientou esta segunda-feira a urgência da cooperação internacional sobre a escassez de água e contra a seca, num discurso em que saudou a posição do Presidente eleito do Brasil em defesa da floresta da Amazónia.
António Costa falava na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas, em Sharm el-Sheikh, no Egito, durante o lançamento da Aliança Internacional para a Resiliência à Seca (IDRA).
A IDRA é uma iniciativa do primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, e do Presidente do Senegal, Macky Sall, e a sessão de lançamento contou também com a participação dos presidentes da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e do Conselho, Charles Michel.
“Como primeiro-ministro de um país que este ano sofreu uma das piores secas de sempre, gostaria de felicitar os promotores da iniciativa pelo lançamento desta aliança e expressar o nosso apoio e disponibilidade para contribuir para a transformar numa valiosa plataforma”, afirmou António Costa, dirigindo-se a Pedro Sánchez e ao chefe de Estado senegalês.
António Costa defendeu que já ninguém se pode dar ao luxo de encarar a seca e a escassez de água como um fenómeno associado a eventos climáticos extremos, porque a sua regularidade mostra que se está já perante impactos das alterações climáticas.
“E é urgente que nos adaptemos a esta dura realidade. Colocar a escassez de água e a seca no topo da agenda política internacional é fundamental para nos ajudar a reunir mais partes interessadas, a trocar conhecimentos, tecnologia e experiências. As secas representam um desafio significativo para as nossas sociedades”, acentuou.
Na parte final da sua intervenção, o primeiro-ministro aproveitou a sua intervenção sobre matéria ambiental para transmitir que “é com renovada esperança que se ouviu o Presidente eleito do Brasil, Lula da Silva, renovar o seu compromisso com a desflorestação zero da floresta amazónica”.
“É igualmente urgente que abandonemos práticas que afetam a qualidade das águas subterrâneas e a sua poluição por adubos e outros produtos químicos. Num mundo em que 40% da população mundial é afetada pela escassez de água, onde 80% das águas residuais ainda são descarregadas para o ambiente e mais de 90% das catástrofes estão relacionadas com a água, como nos lembra o secretário-geral das Nações Unidas [António Guterres], é urgente reforçar a governação da água”, reforçou.
Neste contexto, o líder do executivo português defendeu que uma das prioridades deve ser evitar o desperdício de água potável, contribuindo cada cidadão “com pequenos gestos para conseguir poupanças significativas de água”.
“Mas também temos de agir coletivamente para adaptar a nossa política agrícola 3 para termos uma utilização mais eficiente da água e para garantir um comércio leal entre todos”, apontou.
Nos países desenvolvidos, de acordo com António Costa, é preciso investir nas infraestruturas de distribuição de água para reduzir a perda de água.
“Nos países menos desenvolvidos, precisamos de instalar sistemas eficientes de distribuição de água para garantir que todos têm acesso a água potável. E é também imperativo que cuidemos das reservas de água existentes”, acrescentou.