Movimento pede aos eleitores com mais de 60 anos que votem nos partidos que defendem os seus direitos
27-01-2022 - 19:19
 • Ana Carrilho

Um quinto da população portuguesa tem mais de 65 anos e a tendência é para que o envelhecimento de se acentue. “Em breve, Portugal será o terceiro país do mundo em envelhecimento populacional”, alerta o coordenador do movimento StopIdadismo. Mas é um grupo que continua invisível nas políticas públicas, diz José Carreira em entrevista á Renascença.

O movimento StopIdadismo recomenda a cada um dos eleitores maiores de 60 anos que vote nos partidos que defendem os seus direitos.

Em Portugal, o movimento StopIdadismo nasceu em março de 2021 e meses depois interpelou os partidos e candidatos às autárquicas sobre as propostas que tinham para a sua população mais velha e para promover o envelhecimento ativo. Sem respostas, “voltou à carga”.

“Recebemos uma ou outra resposta dos partidos, a dizer que iam encaminhar o pedido do StopIdadismo para os seus candidatos. Foi quase um silêncio ensurdecedor, lamenta o coordenador do movimento português, José Carreira.

Revela ainda que se deram ao trabalho de acompanhar os diversos debates para as Eleições Autárquicas e foi com desalento que constataram que o tema do envelhecimento é “invisível, não foi tratado. Nem outros temas da demografia, nomeadamente, a quebra da natalidade, um dos grandes problemas do país”.

Por isso, agora, o movimento mudou de estratégia: pegou nos programas eleitorais dos diversos partidos com assento parlamentar, analisou-os e divulga as propostas concretas de cada um no seu site www.stopidadismo.pt .

“Assim, as pessoas deste grupo – cada vez maior – podem perceber mais facilmente o que cada partido propõe para construir aquilo que defendemos, que é o de ser um país, uma comunidade, um concelho, um bairro amigo de todas as idades”. Recolhemos informação de todos os que têm assento parlamentar: quase todos têm várias propostas e um deles tem apenas uma linha, o que é bastante esclarecedor”, diz José Carreira.

Por outro lado, garante que a intenção do movimento não é dar qualquer indicação de voto, mas sim, que as pessoas votem -e votem em segurança. “Mas acima de tudo, que votem de forma consciente e informada sobre as propostas que as forças políticas que concorrem às Legislativas têm para o seu grupo”.

Portugal precisa de uma Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo

“Tendo em conta que a OMS – Organização Mundial de Saúde – lançou a Década do Envelhecimento Saudável 2020-2030, faz todo o sentido que o novo governo tenha uma Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável. E que a concretize”, sublinha José Carreira.

Lembra ainda que há uma proposta de Estratégia, de 2016 e que devia ter sido implementada a partir de 2017 até 2025. “Mas nunca foi aprovada nem, obviamente, implementada. Há aqui uma oportunidade que não podemos perder, enquanto país, que é a de seguirmos os pressupostos e objetivos da Década para Envelhecimento Saudável para podermos construir uma sociedade para todas as idades, fundamentada nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável”.

Para o líder do movimento StopIdadismo em Portugal, os ganhos podem ser maiores, nomeadamente em três áreas: no combate à pobreza das pessoas mais velhas, “que é uma situação muito dura”; no combate á solidão não desejada e “já sabemos que a solidão pode matar”; e no trabalho/desemprego das pessoas com mais de 50 anos, “que é um tema que deve merecer mais atenção”.

José Carreira deixa ainda a garantia de que assim que houver novo governo formado, o movimento StopIdadismo vai pedir audiências aos ministros e aos partidos com assento parlamentar.