A Câmara Municipal de Mação apresentou queixa à Inspecção-geral da Administração Interna e pede explicações ao Governo pela actuação da Protecção Civil durante o incêndio de Julho.
O documento oficial, a chamada fita do tempo, prova que a Protecção Civil desviou meios do grande incêndio de Mação durante o Verão, que devastou uma área significativa do concelho.
Em declarações à Renascença, o presidente da autarquia de Mação, Vasco Estrela, diz que a fita do tempo “vem confirmar aquilo que a Câmara disse durante o incêndio, logo nos dias em que os factos se sucederam. Desde o início que tivemos noção clara do que se estava a passar. Havia uma série de meios alocados ao sector de fogo virado para Mação e que a dada altura começaram a ser desviados para outros locais, por ordem expressa do Comandante Nacional, que a 200 quilómetros de distância estava a tomar aquelas decisões.”
“Queremos saber se isso é normal, se foi adequado, tendo em conta as consequências que advieram para o Concelho de Mação”, afirma. “Na altura tínhamos mil hectares de área ardida e terminámos com 18 mil hectares de área ardida, com mais de 30 habitações consumidas pelo fogo e 50 localidades evacuadas.”
“Queremos saber se há algum nexo de causalidade e se esta forma de actuar é correcta.”
Vasco Estrela diz que já teve acesso aos documentos que comprovam, “de forma cabal e de forma escrita” que por ordem do comandante nacional da Protecção Civil, houve transferência de um grupo de bombeiros. Mas diz que “não foi só aquele grupo, houve uma deslocação de cerca de 100 homens e de 30 viaturas para outro concelho, apesar dos insistentes apelos, a implorarmos para que isso não acontecesse, a decisão foi mantida e as consequências estão à vista.”
Ontem, explica o presidente da Câmara, foi formalizada uma queixa à Inspecção-geral da Administração Interna para que os factos sejam avaliados.
“O senhor comandante nacional já não está em funções, e por isso o que espero é que o país reflicta sobre o que aconteceu também em Mação, que estes erros e pessoas com estas atitudes não possam estar nestas posições”, diz.
“Queremos saber porque é que as coisas aconteceram desta maneira, ir até às últimas consequências no apuramento da verdade e veremos que outras medidas podemos tomar para defender as pessoas e o concelho de Mação”, conclui Vasco Estrela.