Com o plano de reestruturação em marcha, 32 trabalhadores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) aderiram ao plano voluntário de reformas antecipadas. O anúncio foi feito, esta quarta-feira, pelo provedor da instituição, Paulo Sousa, que esteve a ser ouvido no Parlamento.
Depois de quase todos os partidos, como o PS, Chega, PCP, Bloco de Esquerda e Livre terem questionado o atual provedor da Santa Casa quantos trabalhadores vão ser dispensados da instituição, Paulo Alexandre Sousa assegura que ninguém foi despedido: "Adere quem quer".
Além destes 32 trabalhadores que aderiram, em 2024 houve 72 funcionários a reformar-se por atingirem a idade para tal. Para o próximo ano está previsto que 244 pessoas o façam.
Santa Casa tinha 43% dos imóveis "sem receita" e devolutos até há pouco tempo
O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), Paulo Sousa, revela que antes do plano de reestruturação da instituição começar a ser executado, 43% dos imóveis estavam devolutos, e alguns estavam "em mau estado de conservação".
"Queremos uma maior racionalidade e gestão do património da Santa Casa, contrariando as práticas com que fomos confrontados, em que cerca de 43% dos imóveis não gerava qualquer receita e estavam em mau estado, pretendendo-se aumentar a sua rentabilidade de 1,9% para, no mínimo, 4%", afirmou na Assembleia da República.
Depois de algumas perguntas, Paulo Sousa foi mais longe e afirmou que a "a Santa Casa tem estado refém da sua carteira [de imóveis] onde não vende, não investe".
Criticando o estado em que encontrou a Santa Casa, Paulo Sousa revelou ainda que até aqui a instituição gastava 2,1 milhões de euros por ano em rendas, mesmo que não utilizasse (nem perto) todo o seu património próprio.
Paulo Sousa assegurou que a operação de internacionalização dos jogos - uma das opções tomadas pela direção liderada por Edmundo Martinho e que gerou milhões de euros de prejuízo - está, nesta altura, "quase desfeita" e assegurou que há um "plano de desinvestimento e saída das operações".
Por outro lado, o atual provedor acredita que para compensar esse desinvestimento, a Santa Casa da Misericórdia deve investir na área do património imobiliário e torná-lo a segunda fonte de receitas, depois dos jogos de sorte.
Nomeado este ano, depois da exoneração de Ana Jorge, Paulo Sousa foi ouvido no Parlamento, esta quarta-feira, a pedido do PS. Os socialistas queriam precisamente saber mais sobre o plano de reestruturação que vai, entre várias medidas, dispensar trabalhadores, contratar outros tantos e alienar imóveis.