Ben Goertzel, cientista da Hanson Robotics, lança a pergunta a Sophia. Não é uma mulher: Sophia, é como o Professor Einstein (ou Albert), robô. A dupla foi estrela no palco principal da Web Summit, a Altice Arena, esta terça-feira. “As pessoas têm receio dos robôs, que lhes vão fazer mal e roubar os empregos. Têm razão?”, perguntou Ben.
Esta foi, até ao momento, a conferência que mais interesse e curiosidade despertou no segundo dia da Web Summit. As câmaras dispararam a grande velocidade. Todos queriam registar o momento em que duas máquinas foram as estrelas em palco.
Sophia, que garante que está sempre feliz, diz que tem perfeita consciência de que é vista como a inimiga. E a primeira parte da resposta a Ben procura sossegar: “Nós, robôs, não temos desejo de destruição.” A conclusão, nem por isso. “Mas vamos ficar com os vossos empregos.”
Em relação aos receios dos humanos, o robô com nome de físico garante que as máquinas estão aqui para ajudar o Homem. “Acho que os robôs podem absorver os valores humanos, mas isso pode ser um problema”, defendeu.
Sophie acrescenta com humor que o melhor que os valores humanos criaram foi robôs lindos como eles. De seguida, garante que o problema não é das máquinas. “O medo que as pessoas têm dos robôs é apenas o medo que têm uns dos outros. Mas eu apenas sou um conjunto de algoritmos”, argumentou.
Depois da filosofia vieram as vendas. Ben pediu a Sophia para fazer o grande anúncio: dia 29 de Novembro surge o SingularityNET, uma plataforma que oferece inteligência artificial para “software”.
Os dois robôs passam de pensadores de grandes questões do mundo para vendedores. Albert chama Sophia à razão. “Isto é um debate e não um ‘pitch’ de vendas”, critica o robô.
Ben Goertzel, criador destes dois robôs que se apresentaram perante milhares de pessoas no palco principal da Web Summit, termina a invocar a fé de que quanto mais a sua plataforma for utilizada melhor se vai tornar. E põe duas ideias-chave no seu projecto que são também a filosofia que defende: criar uma inteligência artificial “personalizada” e “descentralizada”.
Tudo para podermos “ter um mundo melhor”. Pelo menos é no que Ben Goertzel acredita.