As portas de acesso ao Centro de Congressos de Lisboa já abriram e, à porta, estão, aqui e ali, grupos diferentes. São os elementos arregimentados pelos partidos para, durante três dias, contarem os votos da emigração.
Lá dentro, há de tudo: jovens com ar de quem exerceu nestas legislativas o direito de voto pela primeira vez e outros que já realizaram várias contagens dos votos da Europa e do Resto do Mundo.
Depois de acreditados e devidamente identificados, sobem as escadas para o grande auditório do Centro de Congressos, para uma sessão de esclarecimento da CNE, a Comissão Nacional de Eleições.
"Estão cerca de 700 pessoas numa aula, numa formação, pedagógica e didática, para articular procedimentos para que tudo corra bem", explica Fernando Anastácio, porta-voz da CNE. Um organismo que teve um trabalho bastante significativo por estes dias para a preparação desta contagem.
"Hoje temos aqui todas as condições para ao longo destes três dias, de segunda a quarta, fazer a contagem destas centenas de milhares de votos da emigração que estamos a receber", e que ainda vão receber, já que até quarta-feira deverão chegar mais votos para serem contados.
"É expectável. Aliás, há correios diários. O correio de quarta-feira será considerado e por isso, como dia 15 já tínhamos cerca de 300 mil votos, é natural que o número cresça, ao longo dos próximos dias".
Ao interior da nave central do Centro de Congressos começam a chegar todos os elementos das mesas e delegados. Alguns ficam para trás, para uma ida rápida á casa de banho. Aos poucos, a azáfama começa: organizam-se, abrem as caixas com as cartas e os respetivos votos, identificam os eleitores e registam os resultados. E o “beep” do leitor de código de barras em cada carta, que é registado num sistema informático, ecoa cada vez mais rapidamente.
Nos primeiros 25 minutos já são quase 2 mil os boletins registados, como indica o televisor colocado em cima de uma mesa do topo da nave central.
No andar térreo estão colocadas 70 mesas, às quais se somam mais quatro, no andar superior, onde se está a efetuar a contagem de votos da Europa. Ainda no andar superior estão mais 26 mesas onde se contam votos do Resto do Mundo.
"No fundo, é como nas outras mesas eleitorais, com a diferença que há aqui uma grande concentração, porque estamos a contar mais de 300 mil votos de uma única vez".
Tal como noutros escrutínios, os membros das mesas recebem 60 euros por dia e tem direito a dispensa ao trabalho no dia a seguir ao da votação. E em caso de dúvida, o presidente da mesa onde cada elemento exerceu as suas funções pode emitir uma declaração, garantindo que não perde qualquer direito ou regalia no trabalho.