Risco de fome no mundo pode duplicar devido ao coronavírus
21-04-2020 - 21:06
 • com agências

"Temos que nos unir todos para lidar com o problema. Se não o fizermos, o custo será demasiado elevado", disse o líder do Programa Alimentar Mundial.

Veja também:


O número de pessoas em risco de fome duplicar para 265 milhões de pessoas em 2020, devido à pandemia de coronavírus. A estimativa é feita pelo Programa Alimentar Mundial, das Nações Unidas.

Num relatório apresentado esta terça-feira, o organismo estima que às 135 milhões de pessoas que já correm risco de fome, podem vir a somar-se mais 130 milhões de pessoas, afetadas pela perda de rendimento relacionada com o turismo ou com as restrições nas viagens, entre outras razões.

"A Covid-19 é uma catástrofe potencial para milhões de pessoas que já estão por um fio", disse Arif Husain, líder do Programa Alimentar Mundial.

"Temos que nos unir todos para lidar com o problema. Se não o fizermos, o custo será demasiado elevado", disse Husain, a partir de Genebra, numa videoconferência com jornalistas.

Em 2019, África ainda era a região mais tocada pela situação de "insegurança alimentar aguda", com 73 milhões de pessoas afetadas, mais da metade do total citado no relatório.

Entre os países cuja população é mais afetada por esse flagelo estão o Sudão do Sul (61%), o Iémen (53%), o Afeganistão (37%), mas também a Síria, o Haiti, a Venezuela, a Etiópia, a República Democrática do Congo (RD Congo), o Sudão e a parte norte da Nigéria.

"Os conflitos ainda eram o principal motor das crises alimentares em 2019, mas as condições climáticas extremas e os choques económicos tornaram-se cada vez mais importantes", refere o relatório.

De acordo com dados desta terça-feira da Organização Mundial da Saúde (OMS), já foram reportados 2.356.414 casos de Covid-19 no mundo e 160.120 pessoas já morreram da doença causada pelo novo coronavírus.

Os 55 países mais afetados por essas crises alimentares têm "uma capacidade muito limitada ou inexistente de lidar com as consequências económicas e de saúde" dessa crise, indica o relatório.

Segundo o documento, mais da metade dos 77 milhões de pessoas que sofrem de insegurança alimentar aguda em países onde o conflito foi identificado como o principal fator "estava no Médio Oriente e na Ásia".

No entanto, de acordo com o relatório, os conflitos regionais continuam também a causar altos níveis de insegurança alimentar aguda "na bacia do Lago Chade e no centro do Sahel".

O aumento de 22 milhões de pessoas afetadas, em comparação com a edição de 2019, leva em consideração a adição de países ou regiões, mas, comparando os 50 países que estavam nos relatórios de 2019 e 2020, a população em crise " subiu de 112 milhões para 123 milhões", afirmam os autores do relatório.

O agravamento da insegurança alimentar é particularmente visível em zonas de conflito como na RD Congo e no Sudão do Sul, ou em países afetados pelo agravamento da seca ou pela situação económica, como Haiti, Paquistão e Zimbabué.