O Grupo VITA recebeu 62 pedidos de ajuda, na sua maioria de adultos, que terão sido vítimas de violência sexual na infância ou adolescência.
No balanço dos seis meses da constituição do grupo criado pela Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), a coordenadora do grupo, Rute Agulhas, revela à Renascença que, dos pedidos recebidos, nem todos foram encaminhados.
Rute Agulhas refere que "muitos dos suspeitos já estão falecidos e, por isso, dá-se a discrepância do número de sinalizações que fizemos à igreja, 41, e as 14 situações que fizemos sinalização à Procuradoria-Geral da República".
A coordenadora do grupo VITA avança, também, à Renascença, que a Igreja está a pagar o apoio que já está a ser dado a 14 das vítimas de abuso sexual.
"Doze pessoas estão a beneficiar de apoio psicológico, 10 delas foram reencaminhadas para os profissionais da bolsa do Grupo Vita, duas foram encaminhadas para a APAV, por serem pessoas residentes em Lisboa, e temos também duas pessoas a beneficiar de apoio em psiquiatria. Estes custos estão a ser suportados pela Igreja", esclarece.
Rute Agulhas indica, ainda, que muitas das vítimas que contactaram o Grupo VITA nunca tinham falado antes.
A maioria reside no Centro ou no Norte do país. A vítima mais nova no momento em que fez a denúncia tinha 16 anos.
"A idade varia entre os 16, que foi a pessoa mais nova que nos procurou até ao momento e os 75 anos, talvez em termos de media possamos falar em 50 ou 55 anos de idade, ao nível de género há um equilíbrio. Os pedidos de ajuda vieram especialmente de Lisboa para norte, verifica-se esta assimetria a nível geográfico. Há três regiões sem qualquer sinalização: Beja, Algarve e Açores", explicita.
O Grupo VITA assume-se como uma estrutura isenta, autónoma e independente e visa acolher, escutar, acompanhar e prevenir as situações de violência sexual de crianças e adultos vulneráveis no contexto da Igreja Católica, numa lógica de intervenção sistémica.
Entretanto, está agendada para 12 de dezembro, a apresentação pública do “Manual de Prevenção de Violência Sexual no Contexto da Igreja Católica em Portugal”, que está a ser elaborado.
O Grupo VITA pode ser contactado através da linha de atendimento telefónico 915 090 000 ou do formulário para sinalizações, disponível no site oficial.