Mais um dia sem aulas no agrupamento de escolas Monte da Lua, em Sintra. Na manhã desta quinta-feira, à hora prevista, professores, assistentes operacionais e alguns alunos - poucos - fizeram um cordão humano que se estendeu por várias ruas próximas da escola sede de agrupamento, a Secundária Santa Maria.
De cartazes em punho, em que se pedia, na maioria, a contagem integral do tempo de serviço e o respeito pelos profissionais do setor, mais de 150 docentes de várias escolas do agrupamento juntaram-se no protesto, pelo meio do qual se ouviam palavras de ordem como “Escola a lutar também está a ensinar" ou "Costa, escuta, a escola está em luta".
A assistir, do outro lado da rua, estavam dezenas de alunos que por estes dias, têm ido à escola para perceber que, afinal, ainda não vão ter aulas. Alguns mostram-se preocupados, como Constança Brito, aluna do 12º ano.
"Porque nós saimos um bocado prejudicados. Tinhamos momentos de avaliação e não vamos ter. E precisávamos dessas notas para a média", lamenta, sem saber muito bem como será possível retomar o programa de ensino sem prejudicar os alunos.
Ao lado de Costança, um colega de turma, que vai acenando que sim com a cabeça, ao mesmo tempo que esfrega as mãos uma na outra, geladas devido ao frio que se faz sentir.
"Compreendo perfeitamente o protesto dos professores e acho que em qualquer greve, há sempre vitimas". Cristina Simões, encarregada de educação.
Na rua frente à escola, sem saída, entra um carro que dá meia volta no topo da rua e pára para que do interior saia uma jovem, também aluna do 12º ano. A mãe, Cristina Simões, mostra-se "completamente solidária" com o protesto.
"Sou completamente solidária. Compreendo perfeitamente o protesto dos professores e acho que em qualquer greve, há sempre vitimas. Há impacto para todos: eu, por exemplo, estou à espera para saber se levo a minha filha para casa. E para os filhos também há impacto, porque os testes desta semana vão acumular com os da semana que vem", explica, sublinhando contudo que "a greve é isto mesmo".
Atarefada a controlar o cordão humano, que entretanto já está a caminho de uma outra escola próxima, a Básica da Portela de Sintra, está Isabel Rezende, uma das professoras do agrupamento.
É a porta-voz destes professores, e por eles, reage à sugestão da CONFAP - a Confederação das Associações de Pais - que gostava de ver serviços mínimos nas greves de professores e de assistentes operacionais.
"Não é demais dizer que a greve é um direito. E se enquadrarmos a necessidade dos pais de serviços mínimos como uma espécie de depósito em que os pais deixam as crianças, secalhar não é o que querem. O que querem é um ensino de qualidade, uma escola publica com professores valorizados e que respondam às verdadeiras necessidades da educação".