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Num debate em que foram mostrados pontos de vista diferente das mesmas ideias, Rui Tavares e Inês Sousa Real discordaram em maior relevo na questão governamental na Madeira.
Se, para o líder do Livre, existe incoerência do PAN em juntar-se ao Governo de Miguel Albuquerque com "casos de desordenamento do território e maus tratos a animais", a líder do PAN criticou o Livre por não estar ao lado do partido em matérias de defesa dos maus tratos a animais e garante, depois de se ter assumido de "centro-esquerda" no debate com Pedro Nuno Santos: "Para os animais que sofrem, é indiferente se somos de esquerda ou de direita."
À boleia da atualidade, os líderes de PAN e Livre foram inicialmente questionados sobre a saída em liberdade dos detidos das investigações na Madeira, depois de 21 dias detidos.
Rui Tavares defendeu que os casos de justiça são uma boa oportunidade para repensar a justiça, naquilo que considera "mais do que uma crise política, uma crise de regime", que se resolve através de reformas nos tempos da justiça, na transparência e com um debate nacional, pedindo também à Procuradoria-Geral da República o "dever de comunicar melhor as investigações que faz", em referência à Operação Influencer.
Já Inês Sousa Real lembrou a regulamentação do lobbying e o reforço da transparência, propostos pelo PAN, a última delas não votada devido a um adiamento potestativo do PSD, e concordou com o líder do Livre sobre a melhor comunicação. A líder do PAN refere também que "um voto no PS e PSD não adianta de nada a termos democráticos".
Avançando para o tema de recursos naturais, Rui Tavares apontou o hidrogénio verde como uma oportunidade de revolução da energia em Portugal através de gestão pública, dando os exemplos da Noruega e Países Baixos. Sobre o lítio, o líder do Livre diz ter reservas sobre se devem ser usadas e lembra o caso do volfrâmio, cuja exploração "não ajudou em nada", e referiu que o futuro está "nas baterias de sódio, não no lítio".
Inês Sousa Real mostrou dúvidas sobre uma agência de gestão pública, mas sobretudo no lítio e no hidrogénio, referindo que é preciso "apostar nas energias renováveis", voltando a referir cautela quanto à energia nuclear como em debates anteriores.
A líder do PAN critica ainda a exploração de lítio na rota do lobo ibérico e o datacenter de Sines em terrenos que incluem Zona Especial de Conservação de sobreiros, algo que Rui Tavares contestou: "A ideia de ir atrás dos títulos de jornal e suspender um investimento sem o reavaliar e perder oportunidades económicas e emprego, não é a melhor ideia. É preciso perceber se há potencial e envolver a população de Sines, numa política de reindustrialização verde, sem colocar em causa sobreiros nem sapais."
Incoerência do PAN na Madeira? Para os animais, é indiferente se somos de esquerda ou de direita"
No momento de maior crispação durante o debate, o líder do Livre criticou a incoerência do PAN pelo envolvimento do partido no Governo na Madeira, onde há "48 anos de descaso com o ambiente, casos de desordenamento do território e maus tratos a animais". "Não há touradas, mas houve massacres da cabra das deserta, a tiro e com veneno dos ratos. Esse é um governo em que se foi apoiar, embora não tivesse dito durante a campanha eleitoral que ia apoiar esse governo do PSD", afirmou Rui Tavares.
O porta-voz disse que o partido "diz ao que vem" e critica o sistema político na Madeira: "Jardinismo com [Miguel] Albuquerque não deixa de ser jardinismo e albuquerquismo sem Albuquerque não deixa de ser o mesmo poderio do PSD na Madeira."
Em resposta, Inês Sousa Real lamentou que o Livre não estivesse ao lado do PAN em matérias de defesas de maus tratos a animais e sublinhou que os madeirenses "não têm que estar reféns de uma maioria absoluta". “Para os animais que sofrem, é indiferente se somos de esquerda ou de direita. Ou até mesmo para as vítimas de violência doméstica. Ou para os mais jovens, que querem mais oportunidades”, defendendo que o PAN garante que faz avançar as suas causas.
Sobre fiscalidade, o líder do Livre defendeu um "sistema fiscal progressivo", com uma taxa mínima global de IRC que "permite a Portugal ancorar melhor o seu projeto de desenvolvimento", além de lucros nas grandes energéticas e na banca. Já o PAN também quer taxar quem mais lucra - mas também quem mais polui.
"Se uma empresa é intervencionada pelo Estado, não faz sentido que depois tenha lucros extra que não são taxados, que não podem ser revertidos para áreas sociais. Não podemos permitir que a banca, à conta da asfixia das famílias, não tenha a sensibilidade de permitir a renegociação dos créditos", afirmou Inês Sousa Real, algo também defendido por Rui Tavares.
O PAN defendeu ainda medidas a nível fiscal como a revisão dos escalões do IRS e o alargamento do IRS Jovem por mais dois anos.
A fechar o debate, o Livre criticou a chantagem do voto útil do PS e repetiu a frase desta terça-feira no debate com Paulo Raimundo: "O voto útil do PS nem para implementar medidas do PS serve". Já Inês Sousa Real criticou a "maioria absoluta desperdiçada" dos socialistas, sublinhando que o PAN foi e é uma "força útil à sociedade".
Questionada sobre uma possível coligação com a Aliança Democrática, Inês Sousa Real esclareceu: "O PAN já deixou claro que só está disponível para dialogar com forças de espectro democrático e que não ponham em causa os valores que representamos na Assembleia da República."