Ex-governante socialista admite “desconforto” após entrevista de Costa
19-12-2022 - 08:01
 • Olímpia Mairos , com Renascença

Alexandra Leitão argumenta que lhe fez lembrar outras maiorias absolutas e questiona utilização da "folga" na despesa pública.

Nas últimas horas, mais vozes socialistas vieram a público criticar António Costa na sequência da entrevista do primeiro-ministro à revista Visão.

Depois do desconforto apontado pelo ex-ministro da Economia Pedro Siza Vieira, também a ex-ministra da Modernização e da Administração Pública assume o mesmo sentimento.

Em declarações na CNN-Portugal, domingo à noite, Alexandra Leitão disse não ter gostado do tom do primeiro-ministro, que lhe fez lembrar outras maiorias absolutas. “Foi isso que me causou desconforto. É que esta maioria absoluta está no início e eu quero que não seja uma maioria absoluta em declínio”, disse a ex-governante, explicando que “o que me custou foi ver um bocadinho um ‘déjà vu’ relativamente a outras maiorias absolutas, até com repetição de algumas das palavras utilizadas noutras maiorias absolutas”.

A ex-governante lembra que apoiou esta maioria, reiterando que esperava “uma maioria com outra abertura, com outro diálogo”.

“Um diálogo que deve ser na dimensão da sociedade, na Concertação Social com os parceiros, mas que também tem que ser no Parlamento”, esclareceu.

Alexandra Leitão aproveitou ainda para críticas à governação propriamente dita, lamentado que o Governo não use a folga orçamental para melhorar salários, e não apenas para medidas pontuais como o apoio que vai ser dado esta semana às famílias mais carenciadas.

“É um apoio que é possível e ainda bem que foi dado e ainda bem que foi bem desenhado, mas que é possível porque há folga”, destacou.

Mas no entender de Alexandra Leitão, “se há alguma folga, se é possível compatibilizar o défice com redução da dívida pública e ainda assim ter aqui alguma folga, alguma almofada, eu diria que medidas que têm a ver com carreiras e salários, designadamente na administração pública, mas não só, e em medidas que têm a ver com investimento público”.

“Neste momento, em Portugal, só faz investimento com fundos europeus. Praticamente não há investimento público com Orçamento de Estado”, sinalizou.