O número de civis mortos na ofensiva turca no nordeste da Síria, que teve início na quarta-feira, subiu para 21, divulgou este sábado a organização Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH). A organização, que conta com uma ampla rede de observadores no terreno, disse que há feridos, mas não precisou o número exato.
O OSDH indicou ainda que há 74 mortos entre as Forças Democráticas da Síria (FDS), uma aliança de milícias liderada pelos curdos, diante do avanço do exército turco. Entre as forças turcas oito soldados morreram e entre as milícias da oposição síria aliadas de Ancara houve 49 mortos.
A Turquia anunciou também hoje que as suas forças capturaram a cidade de Ras al-Ain, no nordeste da Síria, após quatro dias de bombardeamentos e combates contra as milícias curdo-sírias na região.
As Forças Democráticas da Síria integram as Unidas de Proteção do Povo (YPG), milícia curdo-síria, e outras forças árabes que combateram o Estado Islâmico (EI) na Síria.
A Turquia declarou que o objetivo da ofensiva na Síria é combater e afastar da região as YPG - apoiada até agora por forças ocidentais, entre os quais os Estados Unidos da América, pelo combate ao EI - que os turcos consideram uma organização terrorista pelas suas ligações com uma insurgência curda na Turquia.
Posto norte-americano na Síria atingido por artilharia turca, Ancara diz que alvo eram curdos
Um posto avançado norte-americano no nordeste da Síria foi esta sexta-feira atingido por artilharia turca, um ataque que não provocou feridos e que Ancara já garantiu ter como alvo combatentes curdos. De acordo com o Pentágono, o ataque ocorreu perto da cidade de Kobane, fora da designada "zona de segurança" que Ancara pretende estabelecer no nordeste da Síria.
"A explosão ocorreu a poucas centenas de metros de uma posição fora da zona de segurança e numa área conhecida pela presença de forças norte-americanas", explicou o porta-voz do Pentágono Brook DeWalt.
O ataque ocorreu na noite de sexta-feira e nenhum militar dos Estados ficou ferido, segundo o Pentágono.
Ancara assegurou que as suas forças estavam a responder ao fogo de combatentes curdos a cerca de 800 metros do posto avançado dos EUA.
A Turquia lançou na quarta-feira passada uma ofensiva no nordeste da Síria contra o YPG, uma milícia curda apoiada por países ocidentais, mas descrita como um "grupo terrorista" por Ancara. A operação tem provocado crescentes protestos internacionais.
Os Estados Unidos pedem à Turquia que evite comportamentos que possam resultar em ações defensivas. "Os Estados Unidos continuam a opor-se à ofensiva militar turca na Síria, especialmente às operações turcas fora da zona de segurança e em áreas onde os turcos sabem que as forças dos EUA estão presentes", disse DeWalt.
Trump ordenou no domingo passado a retirada das tropas norte-americanas de áreas próximas da fronteira com a Turquia, perante o iminente lançamento de uma ofensiva turca, deixando claro que não se envolveria. No entanto, o chefe de Estado norte-americano foi endurecendo o tom contra Ancara, e já ameaçou em particular "aniquilar" a economia turca se Ancara "exceder os limites".
Por sua vez, O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, rejetou as "ameaças" e disse que não vai parar com os ataques contra as milícias curdas no nordeste da Síria.