"Onde é a paragem?" Carris Metropolitana com estreia para esquecer
01-06-2022 - 12:48
 • João Cunha

O novo sistema único e integrado de transportes, que vai funcionar em mais de uma dezena de municípios da Grande Lisboa, começou hoje a operar nos municípios de Alcochete, Moita, Montijo, Palmela e Setúbal. Mas não arrancou da melhor forma, com muitas queixas dos passageiros.

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Paragens sem qualquer informação sobre as novas carreiras, com apenas um pequeno autocolante a dar conta da entrada em funcionamento da empresa.

Ao lado da paragem, um estranho poste amarelo, acabado de colocar, sem qualquer informação no seu topo.

Autocarros novos, alguns de fabrico chinês, em que o painel informativo em led está desligado. No para-brisas, uma folha A4 indica o destino final, mas não o número da nova carreira.

Pior que tudo isto - não para o utente, mas para a empresa - uma avaria no sistema de venda de bilhetes a bordo, que faz com que todos os que não tenham comprado passe, façam a viagem à borla.

Miguel Batel é um dos passageiros numa paragem no Montijo, não muito longe do Cais Fluvial. A espera já ia longa.

“Há 45 minutos, pelo menos”, diz à Renascença enquanto aguarda, juntamente com outros habituais utentes. Por pouco não apanhou um autocarro que já ia cheio.

Miguel diz que os “autocarros são mais à maneira de Lisboa”, com cerca de 30 lugares sentados. Ora, “para passar a ponte, os passageiros não podem ir de pé”, destaca.

Contas feitas, o próximo que chegar já não vai dar para todos os que ali esperam.

Poucos quilómetros mais à frente, em direção a Setúbal, uma paragem com muito mais pessoas que o habitual. Todos sabem que a Carris Metropolitana entrou em funcionamento esta quarta-feira, mas ninguém percebe o porquê da longa espera.

Na Moita e Azeitão o cenário é idêntico, com mais pessoas que o habitual nas paragens, a fazer contas à vida e a perceber como vão explicar ao patrão os motivos do atraso.

Em Setúbal, novo terminal rodoviário. Espaço novo e limpo, mas sem qualquer informação relativa a horários ou a carreiras.

“Eu não sei onde é que é a paragem”, queixa-se Jéssica Irina, uma jovem estudante que pretende chegar, como todos os dias, à Gare do Oriente.

“Eu nem sei os horários. Estou um bocado confusa”, lamenta esta jovem.

Ao lado, um casal de idosos britânicos, de malas de viagem, a caminho do aeroporto. Perdidos, completamente. E é a Renascença que lhes explica o que se está a passar e qual o local onde apanhar autocarro.

“Se para mim, que sou jovem, é uma complicação, imagino os mais idosos", atira Érica Lourenço, aflita para perceber como vai fazer para chegar a Lisboa, a partir de uma estação onde não há qualquer informação sobre horários ou carreiras. De tal forma que, a dada altura, os utentes ocuparam o topo da estação, no lado contrário ao qual chegavam os autocarros, para perceber qual deles os levaria ao seu destino.

Maria João Pato também está na estação. Mais calma, porque já trabalhou. Já veio do bairro de Margaça para o centro de Setúbal. Acha que os anteriores autocarros “tinham muito mais espaço e mais lugares”, mas confessa que sabe bem andar num autocarro “que cheira a novo”.

“Não chega”, ouve-se da boca de um habitual utente dos transportes rodoviários de Setúbal, farto de esperar.

“Até pode ser novo, mas se não funcionar em condições, prefiro os velhos”, remata.