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As medidas do governo foram importantes, mas não evitaram que Portugal tenha mais 400 mil pobres por causa da pandemia da Covid-19. O estudo é do Observatório Social da Fundação "la Caixa", da autoria do Center of Economics for Prosperity (PROSPER) da Universidade Católica de Lisboa.
Joana Silva, diretora do PROSPER, explica à Renascença que as medidas do governo foram "muito importantes", mas não evitam os dados alarmanetes.
"Isto acontece apesar das políticas que foram postas em prática, foram importantes, tiveram impacto, mas temos estes registos na mesma. Sem as medidas, o aumento de pobreza em oito semanas seria igual ao aumento da pobreza de todo ano com as medidas. Tiveram papel importante, mas apesar delas houve pessoas que perderam rendimento e implicou este aumento de desigualdade", explica.
A classe baixa foi a mais afetada por este efeito, apesar da pandemia ter também tirado rendimentos às classes mais ricas.
"Levou a uma diminuição do rendimento da população, atingiu muito mais sobre os mais pobres da sociedade, os mais vulneráveis. A perda média de rendimento na clase mais baixa é de quase 20% e na classe mais alta foi 11%, foi mais forte nos que já tinham menos rendimento", revela.
Há também assimetrias regionais e Joana Silva explica que o Algarve foi das zonas mais afetadas: "Região do Algarve destaca-se, muito por causa do tipo de emprego, ligado ao turismo e outras atividades fortemente afetadas pela pandemia".
De acordo com o estudo, a pandemia resultou numa "perda substancial de rendimentos para a população portuguesa", com o rendimento mediano anual a cair de 10.100 euros no cenário sem crise para 9.100 euros no cenário com crise.
Os resultados mostram que a pandemia levou a um impressionante aumento de 25% da pobreza ao longo de um ano, quando comparados os cenários com e sem crise, pondo em risco os progressos feitos nos últimos 20 anos e invertendo a tendência de redução continuada da pobreza iniciada em 2015, quando a taxa de pobreza era de 19%", refere o documento.