O líder do PSD navegou num moliceiro na ria de Aveiro, notando que é como o défice e a dívida, demora "a inverter a inércia". Mas antes de a embarcação sair do cais encontrou a primeira descontente do dia que acusou todos os governantes de serem corruptos. Passos Coelho virou as costas.
Observando o mestre da embarcação, o moliceiro "Onda colossal", que preparava a embarcação para percorrer um pequeno percurso na ria de Aveiro, concluiu: "Isto é como o défice e como a dívida, demora um certo tempo a inverter a inércia".
Depois deste passeio, Pedro Passos Coelho, acompanhado pelo líder do CDS-PP, Paulo Portas, e pelos candidatos por Aveiro Luís Montenegro e João Almeida, fazia uma pausa na esplanada da pastelaria Milano, com águas e ovos-moles sobre a mesa, e foi interrompido por um jovem a quem disse que não está "a fazer uma campanha de prometer tudo às pessoas" que depois não possa cumprir.
"As pessoas estão um bocado cansadas desta publicidade enganosa que sistematicamente acontece todas as eleições. Eu vou votar todas as vezes que sou solicitado, mas também me sinto cansado no final do mês quando vejo a carga fiscal que está no meu recibo", lamentou-se o rapaz.
Passos concordou que "há uma carga fiscal muito elevada, é verdade" e voltou à imagem da "inércia" do barco, ou seja, não é possível mudar completamente de rumo com grande velocidade.
"Se for possível fazer mais porque as coisas estão a correr melhor do que estamos à espera, excelente. Ninguém quer lá ficar a encher o dinheiro para o Estado com as pessoas a passar dificuldade", disse o também primeiro-ministro, repetindo que no próximo ano deverá haver devolução de parte da sobretaxa através de um crédito fiscal, além de uma parte que já não será cobrada desse imposto extraordinário.
"Será com gosto, é um contrato fiscal. Acumularemos com isso o facto de a partir de Janeiro diminuir a retenção na fonte à conta da diminuição da sobretaxa", disse, insistindo que não queria que o jovem ficasse com a ideia de que a coligação Portugal à Frente (PSD/CDS-PP) está a prometer o que não pode cumprir.
"E é por isso que não estou a fazer uma campanha a prometer tudo às pessoas que não posso dar. Está a ver? Era muito fácil dizer que vamos baixar os impostos todos", disse o líder social-democrata.
Passos Coelho ouviu ainda queixas de uma professora não colocada, que o abordou com a filha pequena ao colo, e de pensionistas, suas apoiantes, que lamentaram a baixa pensão e o facto de terem trabalhado em empresas que não faziam os descontos para a segurança social.