O presidente do Conselho de Especialidade de Psicologia Clínica e da Saúde da Ordem dos Psicólogos Portugueses destacou a importância da formação dos profissionais em saúde mental, por forma a combater o estigma, salientando também a importância da literacia da população.
“Se temos esta sensação de que o que aconteceu com a pandemia pode ter um impacto positivo ao nível do estigma, passa pelo facto de as pessoas terem vivido dificuldades e toda a gente ter tido e passa pelo interesse generalizado da população e da comunicação social”, disse durante a intervenção na Conferência " A Saúde Mental no Pós-Pandemia", uma parceria entre a Renascença e a Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia
Questionado pelo jornalista da Renascença José Pedro Frazão, Miguel Ricou reafirmou a sua noção de que “o estigma diminui”, uma vez que o foco na saúde mental foi um dos poucos pontos positivos da pandemia.
"Começamos a falar não só apenas de saúde mental, mas também de sofrimento psicológico e percebemos que nem sempre temos diagnósticos, mas que temos pessoas que estão em sofrimento e precisam de atenção. A diminuição do estigma faz com que as pessoas possam procurar ajuda mais cedo".
Sobre o ponto de vista social, destacou o impacto da pandemia na saúde mental dos mais jovens e dos mais velhos. No caso dos mais novos, está relacionado com a sua vida social e o desenvolvimento escolar, enquanto os mais velhos foram sujeitos a um isolamento muito maior do que os outros, como medida de proteção.
Sobre a ideia de procurar mais ajuda, relembra que "para procurarem ajuda, têm de ter respostas", salientando que se, no imediato, não houver resposta, as pessoas desistem. Por isso, "a ideia da proximidade e das autarquias em relação às pessoas é essa: que as pessoas consigam, quando decidem procurar ajuda".
Para Miguel Ricou, a ajuda deve estar disponível na escola, no trabalho, nos locais onde as pessoas se encontram efetivamente, por isso o acesso deve ser "central", aumentando esse apoio.
Miguel Ricou realçou também que "tudo o que pode fazer bem as pessoas, faz a diferença na saúde mental".
"Quando aquilo que a pessoa sente começa a ser a sua principal preocupação, quando o foco se altera do problema que origina as emoções, é aí que começam as dificuldades que têm de ser trabalhadas", apontou.
O presidente do Conselho de Especialidade de Psicologia Clínica e da Saúde da Ordem dos Psicólogos Portugueses valorizou ainda que "hoje, mais do que nunca, vejo os profissionais de saúde mental bastante coesos".