A Rússia pediu que o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) se reúna de urgência na terça-feira para abordar a situação na central nuclear ucraniana de Zaporijia, indicaram fontes oficiais.
"Em conexão com as contínuas provocações ucranianas contra a ZNPP (central nuclear de Zaporijia, na sigla em inglês), solicitamos uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU sobre o item da agenda Ameaças à Paz e Segurança Internacionais", anunciou o embaixador russo junto da ONU, Dmitry Polyansky, na plataforma Telegram.
Ainda de acordo com o diplomata, a reunião está agendada para 15h00 (hora de Nova Iorque, 20h00 em Lisboa). Contudo, o encontro ainda não consta na agenda oficial do Conselho de Segurança.
A Rússia quer ainda que o secretário-geral da ONU, António Guterres, faça um 'briefing' nessa reunião.
Hoje, numa reunião do Conselho de Segurança subordinada ao tema Manutenção da Paz e Segurança Internacionais", António Guterres já havia alertado que o "risco nuclear atingiu o seu ponto mais alto em décadas" e apelou ao fim da corrida ao armamento nuclear "de uma vez por todas", referindo diretamente a questão de Zaporijia, ultimamente cenário de intensos combates pelos quais Moscovo e Kiev se culpam mutuamente.
Durante a sua intervenção, o ex-primeiro-ministro português referiu a viagem que fez na semana passada à Ucrânia, Turquia e Moldova, durante a qual acompanhou os desenvolvimentos do acordo recentemente alcançado para desbloquear a exportação de cereais ucranianos, um compromisso impulsionado pela própria ONU e pela Turquia e negociado em coordenação com a Rússia e a Ucrânia.
Com base neste exemplo, o secretário-geral pediu que um acordo e um consenso semelhantes sejam aplicados também à situação crítica da central de Zaporijia (sul da Ucrânia), o maior complexo de energia nuclear da Europa.
"Precisamos que todos os Estados se comprometam com um mundo livre de armas nucleares e não poupem esforços para chegar à mesa de negociações para aliviar as tensões e acabar com a corrida ao armamento nuclear de uma vez por todas. O futuro da humanidade está hoje nas nossas mãos", disse Guterres.
Atualmente, a central nuclear de Zaporijia - agora sob o controlo das tropas russas - continua a funcionar e a produzir eletricidade para responder às necessidades do sistema elétrico ucraniano, mas representa uma das maiores preocupações da comunidade internacional no contexto da invasão russa da Ucrânia.
As autoridades ucranianas acusaram hoje as forças russas de novos bombardeamentos perto das instalações de Zaporijia, horas depois dos últimos apelos internacionais para que o perímetro da principal central nuclear da Ucrânia não seja alvo de ataques.