O Papa desafiou os participantes na Conferência da ONU sobre o Clima (COP25), que decorre em Madrid, a tomar medidas concretas para a implementação do Acordo de Paris, considerando que ainda se está “longe” desses objetivos.
“Infelizmente, após quatro anos, temos de admitir que esta consciência ainda é fraca, incapaz de responder de forma adequada ao forte sentido de urgência para uma ação rápida, exigida pelos dados científicos ao nosso dispor”, refere a mensagem, lida na capital espanhola pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin.
“Temos de perguntar-nos seriamente se há vontade política para oferecer – com honestidade, responsabilidade e coragem – mais recursos humanos, financeiros e tecnológicos para mitigar os efeitos negativos da mudança climática”, questiona Francisco.
O Papa destaca a importância do Acordo de Paris, assumido na COP21, com uma “consciência crescente” na comunidade internacional da necessidade de trabalhar em conjunto na defesa da natureza, exigindo que se passe das palavras a “ações concretas”.
“Atualmente, há um acordo cada vez maior sobre a necessidade de promover processos de transição e de transformação do nosso modelo de desenvolvimento, encorajando a solidariedade”, escreve o pontífice, alertando para a ligação entre alterações climáticas e pobreza.
Francisco realça que vários estudos mostram que é “possível limitar o aquecimento global”, o que exige uma “forte vontade política” e uma redefinição do investimento público, dando prioridade às áreas que permitem manter um “planeta saudável para hoje e amanhã”.
A mensagem fala numa “mudança de civilização”, em favor do bem comum, face aos desafios das “emergências climáticas”.
“Há uma janela de oportunidade, mas não podemos deixar que se feche. Precisamos de aproveitar esta ocasião, através de ações responsáveis nos campos económico, tecnológico, social e educacional”, indica o Papa.
Francisco elogia o compromisso das novas gerações, pedindo que os responsáveis políticos não passem aos jovens o “fardo” de resolver os problemas causados pela sua ação.
A COP25 começou esta segunda-feira em Madrid, com a presença de 50 líderes mundiais, incluindo o primeiro-ministro português, António Costa.