Há já 27 anos que a pequena vila de Paredes de Coura dá lugar ao festival que lhe adotou o nome. Este ano, a organização espera casa, ou melhor, floresta cheia para a edição “mais apetecível de sempre”, segundo João Carvalho, organizador do festival.
Agosto mal tinha começado e os passe-gerais para o Paredes de Coura já tinham esgotado. “É histórica a quantidade de passes que vendemos nesta edição”, conta João Carvalho, em declarações à Renascença. O organizador e criador do festival do Alto Minho admite que cerca de 90 por cento de todas as vendas são passes para os quatro dias de festival. “É realmente a maior enchente do festival”, reconhece.
Este ano a capacidade máxima aumentou de 25 mil para 26 mil pessoas. Para acomodar a maior enchente de sempre sem perder o conforto e a qualidade a que o festival habituou os festivaleiros, a organização teve de fazer algumas alterações, tanto ao recinto como ao campismo.
“É o ano, garantidamente, em que as pessoas vão sentir ainda mais que pensamos nelas, que cuidamos do espaço e que melhoramos mesmo aquilo que está bem feito”, garante João Carvalho.
A zona do campismo aumentou. Foram abertos novos campos e caminhos para armar as tendas. Há mais casas de banho e estão mais próximas dos festivaleiros. Há, também, uma rede de caminhos de emergência que ligam todos acampamentos. As equipas de vigilância, de sensibilizadores ambientais, de segurança, de policiamento e de bombeiros também aumentaram. “É o festival mais sinalizado de sempre e mais seguro de sempre”, realça o organizador.
Dentro do recinto do festival há novas áreas de descanso, o som a meio do anfiteatro foi reforçado e colocaram ecrãs maiores nas laterais, bem como um novo ecrã gigante a meio, para as pessoas que vão para as zonas de descanso não perderem contacto visual com o palco, seja olhando diretamente, seja através dos ecrãs.
“Aumentamos também as zonas de restauração, temos este ano quatro zonas”, conta João Carvalho. Destas quatro áreas de alimentação há agora três dentro do recinto e uma quarta na zona do campismo.
Outra prioridade da organização no campismo foi a preocupação ambiental. O rio Coura e as margens na praia do Taboão foram limpos. Pediram às pessoas para reduzir o plástico e não trazer fitas de plástico para o campismo. “Enche-nos de orgulho sabermos que temos um público sensível às nossas preocupações ambientais, porque não se vê uma única fita de plástico aqui no recinto”, admite João Carvalho.
O campingaz, instrumento essencial para os festivaleiros fazerem os almoços e jantares, continua a ser permitido mediante algumas regras. Fazer fogueiras é proibido e a disposição de extintores espalhados pelo recinto também foi reforçada.
A uma semana do início do festival Paredes de Coura contratempos de última hora levaram ao cancelamento dos concertos da norte-americana Julien Baker e do britânico Yellow Days. Os dois artistas já tinham passado por Portugal; Julien Baker no Festival para Gente Sentada de 2017 e Yellow Days na edição do Primavera Sound do ano passado.
“Cancelamentos há sempre, neste ou noutro festival qualquer no mundo, as coisas estão sempre a acontecer porque são seres humanos e os imprevistos acontecem”, admite o organizador. O contratempo levou a uma resposta rápida da organização para tentar substituir os nomes, acabando contudo por ter de subir o orçamento àquilo que estava estipulado.
Stella Donnelly e Avi Bufallo sobem assim ao palco no segundo dia do Paredes de Coura. Esta será a estreia da australiana Stella Donnelly em Portugal, com o primeiro álbum “Beware of the Dogs” e o regresso de Avi Buffalo após quatro ano parado. “Se me perguntar o que eu acho das substituições eu digo que ficamos melhor, sem tirar mérito à Julien Baker ou ao Yellow Days”, admite João Carvalho.
A constituição de um cartaz não é uma ciência exata. João Carvalho explica que faz o cartaz de trás para a frente. Começa sempre pelo último dia de festival, o sábado.
No sábado de Paredes de Coura não há festivais em Espanha ou França. “Se a banda está em Madrid ou Barcelona na sexta, pode muito bem estar noutro festival em Portugal no sábado ou na quinta”, revela João Carvalho, que também é o responsável pelo Primavera Sound do Porto.
Não haver festivais perto ao mesmo tempo, complica a contratação, como explica o organizador. Um artista ao vir a Paredes de Coura tocar no sábado fica logo impedido de fazer os festivais que acontecem do outro lado da Europa, na Alemanha, Bélgica e Holanda.
“Temos trabalhado sempre convencendo alguém que não está em digressão a vir aqui”. Este ano foi a Patti Smith. A artista histórica do punk não tinha planos para dar concertos em 2019, mas João Carvalho garante que Paredes de Coura insistiu tanto que conseguiu convencê-la.
O festival Paredes de Coura começa esta quarta-feira. Para João Carvalho este ano é “muito fácil destacar nomes”: “O cartaz este ano é tão rico, tão apetecível que seria de esperar que esgotasse facilmente”.
New Order, Patti Smith, Father John Misty e the National encabeçam o cartaz do Paredes de Coura. Suede, Spiritualized, Alvvays, Car Seat Head Rest, Mitski, Boogarins, Parcels, Flohio, Conan Mokasin, Black Midi e os portugueses Capitão Fausto são outros dos nomes que vão passar pelos dois palcos nos quatro dias de festival.