O protesto do FC Porto ao jogo com o Arouca por "má conduta de arbitragem" não será aprovado pelas instâncias desportivas portuguesas. A opinião é de Lúcio Correia, professor de Direito do Desporto.
Os dragões pediram que o jogo fosse anulado devido à "atuação do árbitro no momento da reversão, na sequência de uma chamada telefónica e sem acesso às imagens do lance, do penálti assinalado pelo árbitro de campo por falta sobre Mehdi Taremi".
Na leitura dos dragões, a ação do árbitro Miguel Nogueira "constitui uma violação das regras de jogo e um erro de direito com potencial impacto grave no desfecho do encontro".
Em declarações a Bola Branca, Lúcio Correia acredita que, à luz dos regulamentos, poderá ser uma intenção condenada ao insucesso.
"Não há nenhum erro de direito, nenhuma violação clara das regras da modalidade. O que existe, quanto muito e se é que existe, é um erro sobre o protocolo do VAR. Faz parte das regras técnicas da modalidade. A partir daí, sendo um erro de facto, não me parece que exista motivo para o protesto proceder", afirma.
O especialista acredita que "não está em causa a integridade da competição nem da verdade desportiva".
"É questionável a atitude do árbitro, as interpretações sobre as regras, mas o árbitro acabou por aplicar as regras da forma que achou possível. Até parece que visou decidir da melhor forma possível. Não acho que protesto tenha hipótese", considera.
Lúcio Correia olha para os passos que podem ser dados, excluindo à partida uma possível intervenção do Tribunal Arbitral do Desporto.
"Creio que a Liga terá todo o interesse em decidir o mais rapidamente possível para que não cause alarido na competição. Depois, a SAD em causa poderá, ou não, agir junto do TAD. A meu ver, sendo uma questão desportiva, o TAD nem sequer tem competência para o efeito. Ou seja, o protesto esgota-se nas instâncias federativas e da Liga e não pode ser impugnada junto dos tribunais", termina.
O jogo do Dragão ficou marcado por um episódio em que o árbitro reverteu um penálti para o FC Porto após receber indicações por telemóvel, devido a problemas no sistema de vídeoarbitragem.
“Alterar decisões via telefone não é o melhor caminho”, criticou Vítor Bruno, treinador adjunto do FC Porto, após o empate com o Arouca, a contar para a 4.ª jornada do campeonato.
O árbitro do FC Porto-Arouca, Miguel Nogueira, disse que tinha que “acreditar no VAR”, segundo o treinador dos arouquenses, Daniel Ramos.
"O árbitro chamou-nos e disse que estavam sem conexão para ver as imagens no campo, embora as imagens tivessem sido analisadas pelo VAR”, começou por adiantar o técnico.
“A indicação que tinha é de que não era penálti e tinha que acreditar no VAR. Disse que não era uma decisão fácil para ele, mas que iria seguir o VAR porque as imagens tinham sido analisadas na Cidade do Futebol", afirmou Daniel Ramos.