As autoridades gregas pediram ajuda ao Mecanismo de Proteção Civil da União Europeia no combate às chamas que consomem os arredores de Atenas desde domingo.
Vários países já mobilizaram aparelhos de combate a incêndios para ajudar. De acordo com o que foi publicado pelo mecanismo na rede social X, antigo Twitter, o país vai receber dois aviões de combate a incêndios da frota italiana, um helicóptero francês e equipas terrestres da Chéquia e da Roménia. Deste último país, de resto, já se encontram no terreno 40 operacionais a ajudar nos esforços de controlo das chamas.
De acordo com a imprensa local, os aviões deverão chegar já esta terça-feira. Para além do helicóptero, o ministro da Administração Interna francês garantiu que iria enviar ainda hoje 180 operacionais e 55 camiões de combate a fogos. Já a Chéquia vai enviar, no total, 25 veículos e 75 bombeiros.
É expectável que países como Chipre, Turquia e Espanha também enviem assistência no entretanto, admite a Proteção Civil local.
As autoridades da Grécia ordenaram esta madrugada a evacuação de mais cinco comunidades nos arredores de Atenas, devido a um incêndio que deflagrou no domingo e está a aproximar-se da capital.
“As forças de proteção civil travaram uma batalha durante toda a noite e, apesar dos esforços sobre-humanos, o fogo continua a espalhar-se muito rapidamente e dirige-se para Penteli”, explicou o porta-voz dos bombeiros, Vassilis Vathrakogiannis, numa conferência de imprensa.
Mais cinco comunidades foram evacuadas esta madrugada, bem como dois hospitais, um pediátrico e outro militar, em Penteli, a cerca de 15 quilómetros a nordeste de Atenas. Vários hectares de vinha e oliveiras foram totalmente destruídos.
Oito pessoas foram hospitalizadas por problemas respiratórios e um bombeiro sofreu queimaduras.
As autoridades gregas abriram o estádio olímpico OAKA, no norte de Atenas, para acolher os milhares de pessoas deslocadas.
Na noite de domingo, mais de 11 mil pessoas já tinham sido aconselhadas a abandonar sete localidades e a cidade de Maratona e direcionadas para a cidade costeira de Nea Makri.
O mais recente balanço da Proteção Civil grega dá conta de que estão no local "702 bombeiros, apoiados por 27 equipas de comandos florestais, 199 veículos" e inúmeros voluntários. 17 aviões e 18 helicópteros sobrevoam a área esta segunda-feira, disse o porta-voz das operações, na mais recente conferência de imprensa.
Bombeiros de todo o país foram deslocados para o local.
Os incêndios levaram o primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis a interromper as férias para regressar a Atenas na noite de domingo.
"Enfrentamos uma catástrofe bíblica"
Stergios Tsirkas, presidente da Câmara Municipal da histórica cidade de Maratona, diz que "toda a cidade está envolvida em chamas e está a passar por tempos muito difíceis".
Todos os sete mil habitantes tiveram de ser retirados. "Estamos a enfrentar uma catástrofe bíblica", lamentou, a um canal de televisão local.
Durante as últimas 24 horas, ocorreram cerca de 40 incêndios na Grécia, a maioria dos quais (33) foram extintos antes de se propagarem, informou o corpo de bombeiros.
O Ministério da Proteção Civil da Grécia alertou no sábado que metade do país corria um elevado risco de incêndio até pelo menos 15 de agosto devido às altas temperaturas, rajadas de vento e seca.
“Infelizmente, a intensidade dos ventos será ainda significativa durante as próximas horas e é absolutamente necessário que os cidadãos das redondezas sigam as instruções dadas pelas autoridades”, insistiu Vathrakogiannis.
Temperaturas de 39 graus Celsius (°C) e ventos superiores a 50 km/h são ainda esperados na região esta segunda-feira, de acordo com os serviços meteorológicos.
Embora as temperaturas atuais sejam normais para a estação do ano, duas ondas de calor extremo que o país sofreu em junho e julho, com temperaturas superiores a 44°C em algumas regiões, incluindo Creta, secaram a vegetação, aumentando o risco de incêndios florestais.
De acordo com o Observatório Nacional de Atenas, a Grécia viveu o julho mais quente de 2024 desde que os registos começaram a ser feitos em 1960.
A temperatura média fixou-se nos 27°C, 2,9 graus acima do valor médio registado no mesmo mês entre 1991 e 2020.
[Notícia atualizada às 18h46 de 12 de agosto de 2024]