O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, D. José Ornelas, afirma que, até ao momento, não foram feitos quaisquer cálculos sobre o valor da reparação a pagar às vítimas de abuso sexual no seio da Igreja.
“Não fizemos nenhum cálculo desses, porque acho que não é isso que está em causa, nem é isso que responde. A reparação que se pode dar também do ponto de vista económico não é uma questão de tabelas. Nunca falámos em valores, portanto, [de] quem pode esperar mais ou menos. Nunca, nunca fizemos cálculos desses”, diz à Renascença o também bispo de Leiria-Fátima.
Recentemente, o Expresso avançou que este montante poderia oscilar em média entre 20 mil e 50 mil euros, consoante a gravidade dos crimes cometidos pelos clérigos.
Questionado sobre se já foi ouvido pelo Ministério Público, no âmbito dos inquéritos instaurados na sequência de denúncias de alegados casos de abusos sexuais de menores na Igreja, D. José Ornelas diz que isso não aconteceu. Esta quarta-feira, dia 20, a Procuradoria-Geral da República fez um balanço sobre os casos reportados desde 2022, indicando que estão em curso 14 investigações e que, neste período, o Ministério Público arquivou outros 30 inquéritos.
À Renascença, o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa garante, também, que nunca foi ouvido sobre as suspeitas de alegado encobrimento da sua parte. “Nunca fui questionado. Ouvi dizer pelos meios de comunicação que há uma investigação que já correu, que já foi fechada, que foi reaberta, e não sei em que ponto se encontra, mas isso são informações que colho de jornalistas e de outras partes. Portanto, acho estranho, de facto, que eles saibam o que não sei”, afirma.
As denúncias de alegado encobrimento de abusos sexuais de menores que envolvem D. José Ornelas dizem respeito a um caso de 2011, que envolve crianças de um orfanato dirigido pelo padre Luciano Cominotti, na província moçambicana da Zambézia, e a outro na Arquidiocese de Braga relativo a um caso de um padre da paróquia de Fafe.