Ex-Núncio nos EUA acusa Francisco de conhecer casos de abuso há cinco anos e pede demissão do Papa
26-08-2018 - 11:59

O Vaticano não fez comentários às denúncias do arcebispo Carlo Maria Vigano.

O antigo Núncio Apostólico do Vaticano nos EUA acusou o Papa Francisco de já ter conhecimento das denúncias de abuso sexual há pelo menos cinco anos, e pediu que o Papa renuncie, escreve a Reuters.

As denúncias em causa estão ligadas a um proeminente cardeal norte-americano, Theodore McCarrick, que há apenas um mês pediu a renúncia.

O arcebispo Carlo Maria Vigano, que dirigiu a diplomacia do Vaticano nos Estados Unidos de 2011 a 2016, pediu a Francisco que renunciasse ao pontificado.

Numa carta de 11 páginas enviada aos meios de comunicação católicos conservadores durante a visita do Papa à Irlanda, o arcebispo Carlo Maria Vigano disse ter revelado a Francisco, já em 2013, que o cardeal Theodore McCarrick estava a enfrentar extensas acusações ligadas ao abuso sexual de seminaristas e padres.

As autoridades do Vaticano recusaram comentar de imediato as acusações da carta publicada este domingo.

McCarrick tornou-se no primeiro cardeal a renunciar depois das alegações de que abusou sexualmente de um rapaz de 16 anos terem sido consideradas fidedignas.

Este cardeal é um dos elementos mais bem colocados na hierarquia da Igreja acusado de abuso sexual desde que em 2002, uma série de casos começaram a ser relatados pela primeira vez pelo Boston Globe.

Desde então, vários casos de abuso de crianças têm sido relatados nos Estados Unidos e na Europa, no Chile e na Austrália, prejudicando a autoridade moral da Igreja.

Vigano escreve que relatou a Francisco as acusações que pendiam sobre McCarrick em junho de 2013, logo após a eleição do Papa.

"Ele sabia pelo menos desde de 23 de junho de 2013, que McCarrick era um predador em série", afirma Vigano.

"O Papa Francisco deve ser o primeiro a dar o bom exemplo aos cardeais e bispos que encobriram os abusos de McCarrick e devia demitir-se juntamente com todos eles".

Na visita à Irlanda, o Papa Francisco reconheceu a incapacidade da igreja irlandesa para lidar com os crimes de abusos sexuais e associou-se ao “sofrimento e vergonha” da comunidade católica daquele país que, ao longo dos últimos anos, foi sendo confrontada com descoberta e a denuncia de abusos de menores por parte de membros da hierarquia.