A desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres em Portugal aumentou nos últimos anos, revela o relatório do Instituto Nacional de Estatística sobre condições de vida.
No documento lê-se que o rendimento dos 10% da população com maiores recursos era, em 2013, 11 vezes superior ao rendimento dos 10% com menores recursos.
Para o economista Carlos Farinha Rodrigues, do Instituto Superior de Economia e Gestão, o aumento das desigualdades não se deve tanto ao aumento dos rendimentos dos mais ricos, mas aos cortes nos apoios sociais aos mais pobres.
“Nós temos o aumento, o afastamento entre os mais ricos e os mais pobres. Porquê? Em grande medida pelos cortes nas prestações sociais que constituíam a principal fonte de rendimento das famílias mais desprotegidas. Mas temos também algum aumentar, ainda que ligeiro da desigualdade do centro da distribuição, que resulta da forte compressão dos rendimentos da classe média em Portugal. O índice de Gini é particularmente sensível ao que se passa na classe média, e aí há uma compressão de rendimentos que, em condições normais até conduziria a uma redução da desigualdade, mas que não é suficiente para atonar, apesar de tudo, esta tendência para o agravamento das disparidades”, disse.
O relatório do INE revela ainda que cerca de dois milhões de portugueses vivem em risco de pobreza, ou seja, têm rendimentos mensais inferiores a 411 euros.