ONU pede cessar fogo imediato na Síria e avisa para risco de "escalada ainda maior"
10-02-2023 - 15:54
 • Lusa

EUA pediram hoje ao regime de Assad, à Rússia e às forças apoiadas pelo Irão que ponham termo à "ofensiva hedionda" na província de Idlib, no rescaldo do sismo que provocou mais de 22 mil mortos na Síria e Turquia.

SAIBA MAIS


O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, pediu esta sexta-feira que seja declarado um cessar fogo imediato na Síria e avisou que "se não se agir rapidamente, o risco de uma escalada ainda maior aumenta de hora a hora".

"O secretário-geral [António Guterres] reitera o seu pedido de cessar-fogo imediato e expressa sua preocupação particular com o risco que a população civil representa para os crescentes confrontos militares" na província de Idlib, declarou o porta-voz da ONU, Stéphane Dujarric, num comunicado divulgado na quinta-feira à noite.

"Se não se agir rapidamente, o risco de uma escalada ainda maior aumenta de hora em hora", acrescentou.

Pouco antes, os EUA pediram ao regime sírio, à Rússia e às forças apoiadas pelo Irão que ponham termo à "ofensiva hedionda" na província de Idlib, no noroeste da Síria, onde pelo menos 29 soldados turcos morreram na quinta-feira.

"Apoiamos o nosso aliado da NATO [Organização do Tratado do Atlântico Norte], a Turquia, e continuamos a pedir uma interrupção imediata dessa hedionda ofensiva do regime de [Bashar al-] Assad, da Rússia e das forças apoiadas pelo Irão", declarou um porta-voz da diplomacia dos Estados Unidos em comunicado.

"Estamos a estudar as melhores maneiras de ajudar a Turquia nesta crise", acrescentou.

O Departamento de Estado norte-americano disse que estava em contacto com Ancara para obter mais informações sobre os ataques aéreos que mataram pelo menos 29 soldados turcos, segundo um novo balanço das autoridades turcas.

O próprio secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês), Jens Stoltenberg, já tinha condenado na quinta-feira "os ataques aéreos cegos do regime sírio e do seu aliado russo" na província de Idlib, apelando aos dirigentes de Moscovo e Damasco para que "cessem a ofensiva".

Antes, no mesmo dia, o Ministério da Defesa russo acusou a Turquia de violar um acordo sobre a Síria ao apoiar os rebeldes com disparos de artilharia e `drones` [aparelhos aéreos não tripulados] na zona de Idlib.

"Em violação dos acordos de Sochi, a parte turca continua a apoiar grupos armados ilegais na zona de distensão de Idlib através de disparos de artilharia", declarou o ministério, ao indicar que a Turquia também recorreu a `drones`.

Na noite de quinta-feira, os militares turcos iniciaram uma série de bombardeamentos, por ar e terra, a todas as posições sírias conhecidas na região de Idlib, depois de 29 efetivos das suas fileiras terem sido mortos por ataques aéreos sírio-russos, que causaram ainda 36 feridos.

Segundo a imprensa turca, o exército estava a ajudar milícias sírias na reconquista da cidade de Saraqeb, situada na autoestrada entre Damasco e Alepo, que foi conquistada há três semanas pelas forças sírias.

Há semanas que Ancara insiste com Moscovo para que trave o avanço do regime de Al-Assad, mas sem sucesso.

Uma delegação russa está em Ancara desde quarta-feira para negociar um cessar-fogo em Idlib, mas não são conhecidos pormenores das conversações.