A ex-ministra do Interior britânica, Suella Braverman, acusou esta terça-feira o primeiro-ministro, que a demitiu na segunda-feira, de ter uma postura "incerta, fraca" e de trair as promessas feitas aos britânicos.
Numa carta de demissão que publicou esta tarde, Braverman considerou que o primeiro-ministro Rishi Sunak "falhou manifesta e repetidamente" no cumprimento de promessas essenciais e alegou que ele "nunca teve qualquer intenção" de as cumprir.
Sunak demitiu Braverman por telefone na segunda-feira, depois de esta ter feito uma série de declarações inadequadas que se desviaram da linha do governo.
Nas últimas semanas, qualificou os sem-abrigo como uma "escolha de estilo de vida" e acusou a polícia de ser demasiado branda com os protestos pró-palestinianos, aos quais chamou "marchas de ódio".
No sábado, militantes de extrema-direita entraram em confronto com a polícia e tentaram atacar uma manifestação pró-palestiniana de centenas de milhares de pessoas pelas ruas de Londres.
Os críticos acusaram a linguagem de Braverman de contribuir para inflamar as tensões.
Na carta, a antiga ministra revelou que Sunak rejeitou os apelos para proibir as manifestações pró-palestinianas que pediam um cessar-fogo em Gaza.
"O Reino Unido está num ponto de viragem da nossa história e enfrenta uma ameaça de radicalização e extremismo como não se via há 20 anos. Lamento dizer que a sua resposta tem sido incerta, fraca e sem as qualidades de liderança de que este país precisa", escreveu.
Enquanto ministra do Interior, Braverman defendeu o plano do Governo, que está suspenso, de deportar requerentes de asilo que chegam ao Reino Unido em barcos através do Canal da Mancha para o Ruanda.
A decisão do Supremo Tribunal do Reino Unido sobre a legalidade desta política está prevista para quarta-feira.
Braverman defende a saída britânica da Convenção Europeia dos Direitos do Homem se a medida for rejeitada, o que Sunak rejeitou.
A agora deputada acusou o primeiro-ministro de não ter um "Plano B" para o caso de o Governo perder o processo no Tribunal Supremo, a última instância judicial, e acrescentou que a relutância em retirar o Reino Unido de acordos internacionais de direitos era "uma traição à promessa à nação de que faria `o que fosse preciso` para parar os barcos".
O gabinete de Sunak disse que o primeiro-ministro "vai continuar a combater a migração ilegal", independentemente do resultado no Tribunal.
"O primeiro-ministro orgulhou-se de ter nomeado ontem [segunda-feira] uma equipa forte e unida, concentrada em defender os interesses do povo britânico", afirmou um porta-voz.
Na remodelação governamental na segunda-feira, para o lugar de Braverman transferiu o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros, James Cleverly, que foi substituído pelo antigo primeiro-ministro David Cameron.