João Loureiro foi ouvido esta quinta-feira pelas autoridades portuguesas no âmbito do inquérito aberto pelo Ministério Público sobre o caso da apreensão de mais de meia tonelada de cocaína no interior do avião da Omni, em Salvador, no Brasil.
“Após ter sido contactado, e de eu ter solicitado que pudesse prestar depoimento no prazo mais curto possível, fui hoje ouvido através de inquirição pelas autoridades competentes nacionais (depois de o ter feito no devido tempo perante as autoridades competentes brasileiras) no sentido de prestar todos os esclarecimentos sobre o acontecido com o avião da Omni, em Salvador, bem como sobre toda a factualidade eventualmente conexa”, refere o empresário, numa mensagem escrita enviada à agência Lusa.
O advogado, que regressou a Portugal a 5 de março, diz estar “aliviado” e que confia nas autoridades brasileiras e portuguesas.
“Sinto-me aliviado e muito satisfeito pela forma tão rápida e profissional como tudo aconteceu, sendo que, obviamente, tentei colaborar o mais possível, no sentido do apuramento da verdade sobre tudo que se passou. Confio plena e absolutamente na experiência e capacidade das autoridades nacionais competentes, tal, como, aliás, nas brasileiras”, assume o antigo presidente do Boavista.
Segundo João Loureiro, “é agora tempo de dar espaço” às autoridades brasileiras e nacionais para fazerem o seu trabalho, desejando que “tenham o máximo sucesso no apuramento da verdade”.
O empresário recorda que o processo “está em segredo de justiça”, acrescentando que foi informado pelas autoridades nacionais de que não pode “prestar quaisquer outras declarações públicas”, além desta mensagem.
“Assim, e apesar de muitas e enormes falsidades e mentiras publicadas a meu respeito nas passadas semanas, não prestarei, até momento oportuno, mais quaisquer declarações públicas sobre a matéria, aproveitando apenas, para, como o futuro melhor do que qualquer outra coisa provará, reafirmar vincadamente que sou completamente alheio ao acontecido”, reiterou João Loureiro.
A 27 de janeiro deste ano, o empresário, ouvido esta quinta-feira enquanto testemunha, descolou do Aeródromo Municipal de Tires, em Cascais, rumo ao Brasil, a bordo do Falcon 900 da empresa Omni - executive aviation, pertencente a um grupo privado português de aviação.
Depois de descolar de Tires, às 14h20, o avião privado aterrou no aeroporto de Salvador, no estado da Bahia, pelas 21h15, hora local. Posteriormente, descolou de Salvador para o aeroporto de Jundiaí, no Estado de São Paulo, onde ficou estacionado cerca de uma semana.
Fontes ligadas à investigação explicaram anteriormente à Lusa que nesse período as chaves da aeronave estiveram na posse de “pessoas estranhas ao voo e à operação”, as quais foram entregues pela tripulação, após autorização da administração da Omni. A Lusa questionou posteriormente a empresa de voos privados a quem autorizou a entrega das chaves, mas a mesma escusou-se a responder reiterando que o caso está em investigação e que é “totalmente alheia” aos factos relacionados com a apreensão da droga.
O Falcon 900 descolou depois de Jundiaí rumo a Salvador e, durante o voo, o comandante detetou falhas mecânicas, tendo solicitado uma inspeção técnica à aeronave.
De acordo com o manifesto de voo da Omni, a que a Lusa teve acesso, na viagem de Jundiaí para Salvador, realizada a 6 de fevereiro, seguiam a bordo, como passageiros, os empresários João Loureiro e Mansur Herédia, de nacionalidade espanhola, que se encontra em paradeiro incerto.
Durante a inspeção técnica foram descobertos pacotes suspeitos e chamada a polícia, que apreendeu a cocaína escondida na fuselagem da aeronave, a qual tinha sido dividida em embalagens com logótipos de marcas desportivas conhecidas.
Quando regressou a Portugal, há cerca de uma semana, João Loureiro assumiu que foi “ingénuo” ou “utilizado” na situação que culminou na apreensão de mais de 500 quilogramas de cocaína no interior do Falcon 900, sublinhando que foi “abruptamente envolvido num autêntico furacão”.