A poucas horas de nova reunião com o Ministério da Saúde, o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) sublinha que a questão salarial dos profissionais de saúde é essencial para resolver o problema que afeta o setor.
Na quarta-feira, a ministra Marta Temido anunciou uma valorização das remunerações para quem exerce funções no serviço de urgência. Roque da Cunha diz que é pouco.
“É com alguma deceção que nós ouvimos as propostas apresentadas ontem pela senhora ministra da Saúde. Esperamos que hoje sejam ultrapassadas pela positiva na reunião”, começa por dizer à Renascença.
“É fundamental que se fale de salários. Quando o Ministério da Saúde, há dez anos, assinou um acordo connosco era no pressuposto de, daí a dois anos, começar a haver essa negociação. Entretanto, o poder de compra diminuiu em cerca de 30%. Num momento em que a inflação no nosso país está a atingir os 8% e quando aquilo que se cobra em impostos nunca foi tão volumoso, é essencial que se inicie um processo de negociação de grelhas salariais”, destaca.
O presidente do SIM diz ainda esperar que, nesta tarde de quinta-feira, sejam discutidas mais medidas para resolver os problemas de fundo do Serviço Nacional de Saúde – além de salários, a criação de “condições de vida que permitam aos médicos não serem aliciados pela iniciativa privada e pelos estrangeiros”.
“É essencial que haja organização e que não se ande atrás do prejuízo”, sublinha Roque da Cunha, segundo o qual há outros países que “vêm a Portugal duas vezes por ano contratar médicos”.
“Espírito aberto, sem expectativas”
A Federação Nacional dos Médicos (FNAM), outra estrutura sindical que irá sentar-se à mesa com a secretária de Estado da Saúde esta tarde, admite que vai para a reunião com baixas expectativas.
Noel Carrilho avisa que valorizar apenas os salários dos médicos nos serviços de urgência não resolve o problema a longo prazo.
“Se for só isso, é muito limitado, porque os médicos não fazem só serviço de urgência. Há médicos que não fazem serviço de urgência e, portanto, temos de ser mais proativos em melhorar as condições de trabalho genéricas dos médicos do Serviço Nacional de Saúde, porque hoje há este problema, amanhã será outro se não o atacarmos pela base”, avisa.
Em declarações à Renascença, Noel Carrilho diz que, apesar de tudo, vai para a reunião “de espírito aberto”.
“Digamos que os sucessivos governos foram-nos deixando mais cínicos em relação àquilo que são as propostas quando anunciadas à comunicação social e depois quando anunciadas aos sindicatos. Portanto, vamos com o espírito aberto, mas com expectativas baixas. Esperemos ser convencidos do contrário pelo ministério”, afirma.
A reunião está marcada para as 15h00.