Os oficiais estão revoltados com o despacho do ministro da Defesa, publicado esta terça-feira em Diário da República, que “determina a prontidão, ativação e colaboração das Forças Armadas” no combate à pandemia da Covid-19.
Em declarações à Renascença, o presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA), António Mota, garante que esse “apoio já existe desde março”. Ou seja, “o despacho não traz nada de novo e só serve o propósito da autopromoção de alguém que nunca conseguiu resolver os problemas dos militares”.
O despacho assinado por João Gomes Cravinho, em 28 de outubro, refere que “os ramos das Forças Armadas vão contribuir com os recursos humanos e materiais que se revelem necessários a apoiar as entidades competentes”.
Uma situação que é encarada pelo representante dos oficiais como “uma provocação que chega até a roçar a ofensa despudorada”.
António Mota considera que “esta atitude de colocar as Forças Armadas em prontidão por parte do Ministério da Defesa, só se compreende pela necessidade de vir a terreiro dizer: ‘agora é que é! Agora é que as Forças Armadas vão estar ao serviço da população.... e sou eu que mando’".
Por tudo isto, António Mota classifica o documento como “hilariante, ridículo e uma provocação aos militares”, esperando que “os portugueses não se deixem ser manipulados”, já que este despacho “só faria sentido se tivesse sido escrito em março e não agora”.
O dirigente da AOFA lamenta, no entanto “que o ministro da Defesa não tivesse aproveitado para acrescentar no despacho a autorização de verbas e dotar de meios, designadamente logísticos e financeiros as Forças Armadas para que possam cumprir estas missões, não tendo que estar a dispor dos seus parcos orçamentos de funcionamento para as custear, tendo assim de pôr em causa outras missões”.
A Renascença contactou o Estado Maior General das Forças Armadas e o Ministério da Defesa, mas não foi possível obter esclarecimentos sobre a razão deste despacho.