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Mais de 60% dos museus da Europa aumentaram sua presença "online" desde que foram tiveram que fechar as portas devido às medidas de distanciamento social impostas pela pandemia de covid-19. A esmagadora maioria (94,6%) contratou mesmo pessoal especializado, apesar do orçamento para este tipo de atividades ter crescido pouco mais de 13%.
Os dados foram apurados pela Rede Europeia de Organizações de Museus (NEMO), um organismo fundado em 1992 e que reúne mais de 30 mil museus de 40 países da Europa. Num inquérito que começou em março e se vai prolongar até ao final de abril, a NEMO concluiu que esta aposta está a ter uma grande adesão por parte do público.
Assim, 40% dos museus que responderam ao inquérito notaram um aumento nas visitas on-line. Desses, 41% observam um aumento até 20% por semana; 38% observam um aumento até 50%; 8% um aumento a rondar os 100%, e 13% dos museus registaram uma subida de visitas até 500% por semana.
À medida que o tempo passa, a oferta dos museus não para de aumentar. Passeios virtuais, exposições on-line, podcasts, conteúdos ao vivo e criação de jogos revelam o empenho dos museus em obter feedback por parte dos seus “visitantes”.
Perdas dos mil aos 600 mil euros por semana
Este inquérito, ao qual, até 3 de abril, tinham respondido 650 museus de 41 países da Europa, Estados Unidos, Filipinas, Malásia, Irão e Polinésia Francesa, revelou que 92% dos museus estão fechados, com algumas exceções na Suécia, Albânia e Áustria, e muitos ainda não têm uma data definida para reabrir.
As perdas semanais vão dos mil euros, no caso dos museus mais pequenos, que representam 30% deste universo, até aos 600 mil euros em museus de grandes dimensões como o Rijksmuseum, o museu nacional dos Países Baixos, em Amsterdão, ou o Louvre, em Paris, o museu mais visitado do mundo. E a perda de receitas não vem apenas dos ingressos, vem também das lojas e dos cafés e restaurantes.
Muitos museus pequenos, propriedade de particulares, temem já não conseguir reabrir. Os museus das zonas mais turísticas registam perdas entre 75 e 80%, devido à interrupção total do turismo, e temem pelo futuro caso as restrições se mantenham durante o verão.
A grande maioria das exposições internacionais previstas para 2020 já foram canceladas e não há projetos para 2021 porque não se podem planear, com a antecedência que é necessária, devido à incerteza sobre os transportes, a abertura de fronteiras e a falta de recursos humanos. Todas as obras previstas foram também adiadas sem data, devido à incerteza relativamente ao futuro.
70% não despediram funcionários
Em relação a fontes alternativas de rendimento, muitos museus contam com esquemas de financiamento de emergência. Em doze países, esses fundos estão em discussão, noutros oito já entraram em vigor. Há quinze países onde esse mecanismo não existe.
Mesmo com dificuldades de tesouraria, 70% dos museus inquiridos ainda não despediram funcionários, embora a maioria tenha suspendido os contratos precários e interrompido os programas de voluntariado.
Perante estas primeiras conclusões, a NEMO apela às instituições europeias, nacionais e regionais para que ajudem os museus a mitigar as suas perdas, garantir os salários dos funcionários e manter o investimento em projetos de grande escala.
A organização elogia os museus pela rapidez com que responderam às novas condições, não só aumentando os serviços digitais e compartilhando coleções para envolver e confortar as pessoas que ficam em casa, como também, recolhendo objetos e histórias de pessoas nestes tempos de crise, a fim de preservar e aprender a partir deste momento.