Nenhuma criança deve ser discriminada, mas uma matéria tão sensível como a lei de autodeterminação de identidade de género nas escolas não devia ter sido aprovada pelo Parlamento em fim de legislatura, defende o bispo de Leiria-Fátima.
D. José Ornelas reagiu esta terça-feira à decisão dos deputados, que aprovaram a legislação a poucas semanas da dissolução da Assembleia da República, que vai acontecer a 15 de janeiro.
O também presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) considera que “nenhuma criança deve ser discriminada pelas suas opções sexuais”, mas é preciso ouvir os pais e a comunidade científica e médica.
“Este tem de ser, antes de mais, um problema sério de saúde, porque numa altura em que as crianças estão a crescer, na adolescência, quando se afirma toda esta dimensão importante da sexualidade, que não enveredem por caminhos apressados que exigem discernimento. E aí, os pais e a ciência médica e a psicologia devem ter um papel muito mais ativo do que aquilo que a lei prevê.”
D. José Ornelas considera que a questão da autodeterminação de género nas escolas “não pode ser simplesmente uma questão legislativa e dizer que cada um tem a liberdade de escolher, mas deve cuidar com a responsabilidade que os pais cuidam, a cuidar do futuro”.
Para o bispo de Leria-Fátima, uma lei tão sensível não devia ser aprovada “em fim de legislatura”. “Não cheira bem”, afirma.